Uma das maiores dificuldades de quem precisa perder peso ou tem restrição alimentar por algum motivo é a vontade de comer. A famosa gula é o obstáculo mais alto no caminho de quem precisa se controlar diante das guloseimas. Mas por que a gula é tão forte e difícil de controlar? Continue lendo e tenha suas respostas.
De onde vem a vontade de comer?
O desejo por comidas apetitosas é natural do ser humano e despertado pelos cinco sentidos. Além deles, a vontade de comer pode ser disparada por determinadas situações e emoções, que variam de pessoa para pessoa.
A questão é: como alguns conseguem controlar o desejo por comida, enquanto outros se sentem dominados por esse desejo e comem sem controle?
Essa é uma questão complexa, mas, em resumo, a vontade de comer sem estar com fome é causada por uma combinação de fatores: a interação de neurônios no centro de recompensa do cérebro, os hormônios do apetite, a relação que a pessoa desenvolveu com a comida desde a infância, além do fácil acesso a alimentos saborosos e prazerosos.
Fome e mau humor têm relação mesmo?
Estudo sugere que a gula aumenta quando é proibida
Então, cada caso é um caso. Mas, estudos têm sido feitos para mostrar que controlar a vontade de comer não deve ser algo baseado em ignorar o desejo por certos alimentos, mas sim, aceitar que os desejos por comida são normais, usar técnicas para reconhecer seus próprios desejos e se tornar capaz de esperá-los passar.
Nas palavras de Evan Forman, professor de psicologia da Drexel University na Filadélfia e diretor do Center for Weight, Eating and Lifestyle Science, “trata-se de compreender que esses tipos de desejos são uma parte natural do ser humano; somos projetados dessa forma. Você não precisa fazer com que os desejos desapareçam, mas também não precisa comer por causa deles. É aceitar, em vez de afastar ou suprimi-los”.
Isso pode significar que as dietas restritivas aumentam o desejo e até o descontrole por comidas calóricas, e isso torna a dieta ainda mais difícil de manter.
Traci Mann, do laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota, e sua equipe de pesquisadores usaram caixas de chocolates para estudar o efeito da restrição alimentar.
A pesquisa incluiu 142 pessoas apaixonadas por chocolate. Metade delas foi orientada a seguir sua dieta regular, enquanto a outra metade fez uma dieta restrita.
A parte desafiadora foi que todos os participantes receberam uma caixa de chocolates e foram instruídos a não comer os doces até o fim do estudo. Para ter certeza de que cada participante foi tentado pelo chocolate de forma consistente, eles tiveram que abrir a caixa diariamente para encontrar instruções específicas.
No fim do estudo, todos enviaram uma foto de sua caixa de chocolate. Os que faziam dieta restritiva furtaram mais chocolates do que aqueles que não estavam contando calorias e, por isso, não estavam passando vontade.
Veja também: 5 erros de quem quer emagrecer
A técnica para deixar a vontade de comer passar
Quando surge a vontade quase incontrolável de comer alguma coisa, a dica dos especialistas é usar uma técnica que é ensinada às pessoas em tratamento de dependência química:
Identifique seu desejo
Use a frase “Estou com vontade de comer…” e preencha o espaço em branco.
Observe isso
Observe como você se sente ao desejar a comida. Você sente isso no estômago? Você está distraído? Ansioso? Sente necessidade de se deslocar ou continuar a frequentar a cozinha?
Preste atenção ao que acontece a seguir
Observe o impulso à medida que ele sobe, aumenta, diminui. Observe a intensidade do desejo. Nossos desejos inevitavelmente aumentam e diminuem, assim como as ondas em um oceano.
Tentar lutar contra essa onda nunca vai funcionar. Não funciona se você deseja que o desejo vá embora. Você está aceitando que ele está lá, e até mesmo que deveria estar, e você está coexistindo – surfando – com ele.
Pergunte: quanto é suficiente?
Comece a prestar atenção a cada pedacinho do que escolher para satisfazer sua gula, e note quantas mordidas/goles são necessários para se sentir satisfeito.
Quando você come com total atenção na comida e no ato de comer, se esforçando para respeitar quando seu corpo diz que está satisfeito, a quantidade do que você come por impulso vai diminuindo cada vez mais.
Veja também: Fome emocional: as diferenças entre fome e vontade de comer
Fonte: O Globo Saúde
