De acordo com um estudo publicado pela equipe de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), “o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o vírus Zika é uma prioridade de saúde pública, incentivando os estudos pré-clínicos e clínicos de diferentes estratégias vacinais”. A possibilidade mais próxima é de que a vacina da febre amarela seja adequada.
O vírus da zika é recente no país, com o primeiro caso em detectado em 2015, sendo transmitido pelo mesmo vetor que a dengue, o aedes aegypti. Ainda não há nenhum tipo de remédio ou vacina para tratar ou prevenir a doença, então a única alternativa é tentar impedir a procriação do mosquito.
Para isso, deve-se eliminar quaisquer possibilidades de criadouros: locais onde possa haver água limpa e parada, como pneus, latas, entulhos expostos à chuva, caixas d’água descobertas e afins. O uso de repelentes é também essencial, principalmente durante os surtos do vírus.
De acordo com a Fiocruz, a infecção pelo vírus causa “dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos”.
Vacina da febre amarela pode proteger contra Zika
Depois de intensos esforços para encontrar uma vacina eficaz e segura, os pesquisadores se questionaram sobre a similaridade biológica dos vírus da zika e da febre amarela, já que ambos são da mesma família, os flavivírus.
Além disso, perceberam que a região Nordeste do país, com menor índice de vacinação contra febre amarela, também apresentou uma maior quantidade de casos da doença, o que levantou a hipótese de que talvez a vacina estivesse relacionada.
Foi então que deram início aos estudos com cobaias vivas, no caso camundongos, para ver como seria a reação deles quando expostos à vacina e aos vírus, em diferentes condições de saúde, a fim de confirmar ou negar a hipótese.
Foram dois anos de estudos com dois grupos de camundongos, uns mais saudáveis e outros mais propensos a pegar a doença. Esses grupos foram divididos em dois, um grupo de controle, que receberia somente um soro, e o de teste, com a vacina.
As cobaias receberam também uma injeção com o vírus da zika diretamente no cérebro, para simular um ataque em seu nível mais severo, atestando assim a eficiência ou não da vacinação prévia, comparando com os que não foram vacinados.
Entre os ratos que estavam fragilizados e não receberam a vacina, nenhum sobreviveu. Já os que estavam com boa saúde e não receberam a vacina, foram detectados diversos sintomas da doença, em grau avançado.
Já nos ratos que estavam fragilizados e receberam a vacina, a inoculação do vírus no cérebro não levou a óbito, somente o surgimento dos sintomas. Nos que estavam saudáveis, nem os sintomas se manifestaram, mostrando a eficiência da vacina de febre amarela para evitar a zika.
Esse é um grande passo para ajudar a evitar os casos da doença, de forma barata e rápida, já que a vacina contra febre amarela é muito acessível e já é comprovada e atestada, não precisando passar por todos os testes que passaria uma nova vacina.
Para os pesquisadores, “uma vacina eficiente e certificada, disponível para uso há várias décadas, efetivamente protege camundongos contra a infecção pelo vírus zika. Esses achados abrem a possibilidade de usar uma vacina disponível e barata para uma imunização em larga escala no caso de um surto do vírus zika“.
A instituição também tem realizado outras pesquisas relacionadas a esse vírus, mostrando certa preocupação com as mutações que ele vem sofrendo. De acordo com um estudo anterior, ele já foi identificado vivo em urina e saliva de pacientes que contraíram a doença.
Isso quer dizer que ele pode estar evoluindo para uma forma de transmissão que não necessite mais de um hospedeiro, como o aedes aegypti, sendo passado de pessoa para pessoa, através da saliva. Veja a reportagem sobre o caso.