Terapia primal
Crédito: Freepik

Terapia primal: gritar pode ajudar a aliviar o estresse e a raiva?

De vez em quando é bom extravasar a raiva com gritos, mas essa não é a solução sempre

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Quando estamos estressados e com raiva, alguns de nós sentem que precisa extravasar esse sentimento na forma de gritos e outras manifestações mais agressivas. É para essas pessoas que existe a terapia primal, pautada na ideia de que gritar é uma forma de aliviar as tensões. Mas, até que ponto isso faz sentido?

O que é a terapia primal?

Para Arthur Janov, psicólogo pela Universidade da Califórnia e criador da terapia primal, esse método faz todo sentido.

Em uma entrevista à revista Serafina, da Folha de S. Paulo, em 2013, Janov disse que doenças e neuroses são resultados de dores reprimidas na infância e no parto, e a solução seria reviver essa dor, abraçando o choro e os gritos.

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Não faz bem sempre, nem para todos

Mas, a ideia de Janov não é bem vista por outros colegas de profissão, embora tenham conhecimento de que existe lógica por trás do método. Acontece que precisa haver um equilíbrio, que depende de cada paciente.

Segundo Anderson Siqueira Pereira, psicólogo, doutor em psicologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e professor na Wainer Psicologia Cognitiva, gritar realmente libera substâncias que aliviam o estresse, mas em excesso isso pode ser ruim.

“Ao gritar, a amígdala e o sistema límbico, que são os responsáveis pelo processamento das emoções e pela avaliação de perigo, são ativados. O cérebro interpreta a situação como perigosa e libera neurotransmissores semelhantes aos emitidos durante a prática esportiva. Esses neurotransmissores diminuem a sensação ruim que um momento de estresse pode ter gerado”, afirma Pereira.

Por outro lado, se esse método for aplicado sempre, ocorre o efeito oposto. Ao invés de aliviar a tensão, o excesso de neurotransmissores pode desencadear mais estresse, ansiedade e até depressão.

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A terapia primal pode ser útil se usada com equilíbrio

Conforme orienta Pereira, “o grito ajuda a colocar para fora as sensações e colabora para que os outros percebam os sentimentos. A grande questão é que nem toda expressão emocional é adequada em todos os ambientes. Talvez emitir um berro em casa ao bater o dedinho no canto do sofá possa valer para lidar com frustração e dor, mas no ambiente de trabalho esse tipo de expressão emocional é inadequado. Isso não torna a emoção sentida errada. Avaliar o contexto é importante para selecionar a melhor forma de expressão para lidar com a emoção e resolver problemas sociais, e não causá-los”.

Então, a terapia primal pode até ser útil, quando aplicada com cuidado, apenas nos pacientes em que esse método traz alívio, e sempre junto de um programa de terapia mais amplo, com acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra.

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Fonte: UOL Viva Bem

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