No final de novembro, houve um surto de coceira e outros sintomas de problema de pele em mais de 200 moradores de duas comunidades da região metropolitana de Recife. As duas localidades ficam próximas do Parque Estadual de Dois Irmãos, uma reserva de Mata Atlântica no Estado.
Por conta da grande quantidade de pessoas que foram aos hospitais se queixar dos sintomas, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco abriu uma apuração para investigar o surto de coceira.
Os responsáveis pela investigação foram os dermatologistas Claudia Ferraz, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Vidal Haddad Junior, da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ambos integram a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
De início, os médicos suspeitavam de duas possíveis causas: escabiose, conhecida popularmente como sarna, causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei; ou intoxicação por ivermectina, remédio utilizado para tratar infestações por parasitas, e que foi apontado erroneamente como tratamento para Covid-19 ao longo dos últimos meses.
As duas possibilidades faziam sentido, até porque, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia, as vendas de ivermectina aumentaram mais de 800% entre abril de 2020 e março de 2021.
Mas, depois de mais algumas análises, os médicos perceberam que nenhuma das duas possíveis causas estava certa. O real motivo para o surto de coceira em Pernambuco eram as cerdas de mariposas do gênero Hylesia.
Essa mariposa é aquela marrom, pequena, que fica rondado as lâmpadas de casa durante a noite.
Enquanto Ferraz fez o trabalho de campo e descreveu as lesões nos pacientes, Haddad Junior foi convocado por sua experiência com doenças de pele causadas por acidentes com animais.
“É normal que essas mariposas se reproduzam no começo do verão. Elas costumam ser atraídas pelas luzes e se batem contra as lâmpadas das casas. Ao se chocarem, elas soltam pequenas cerdas, que se acumulam em cima de objetos, móveis, colchões e sofás. Essas cerdas minúsculas, que são bem afiadas, entram profundamente na pele das pessoas e causam uma inflamação, que está por trás dos sintomas como vermelhidão e coceira”, explicou o médico.
Então, o surto de coceira nas localidades de Pernambuco foi desvendado, e os médicos explicaram que não existem fatores de risco ou formas de prevenir o aparecimento das mariposas.
O que as pessoas podem fazer é instalar telas de proteção nas portas e janelas para evitar que os insetos entrem.
As pessoas que sentirem os sintomas de muita coceira e vermelhidão na pele devem se consultar com o médico para receberem o tratamento adequado, que costuma ser simples.
Artigo com informações de Uol Viva Bem