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A história de uma supermãe que criou sozinha o filho com paralisia

Quando o pai soube da deficiência, disse que não iria assumir um filho aleijado

Crédito: Instagram @umasuper_mamae

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Todas as pessoas passam por desafios na vida, e cada uma enfrenta da forma que pode. Mas, de vez em quando é bom conhecer os desafios de outras pessoas para se lembrar que os seus também são possíveis de enfrentar com a cabeça erguida. A história que você vai conhecer hoje é da Edilma Canário dos Santos, supermãe do Matheus, que teve paralisia cerebral na hora do parto.

“Engravidei de Matheus quando eu tinha 15 anos. E ele nasceu quando eu fiz 16. Foi uma gestão normal e tranquila. No dia 23 de julho de 1998, às 17h30, meu filho veio ao mundo. Esperava um filho saudável, como todas as mães aguardam. Porém, entendo que esse não era o plano de Deus. Mas ele me presenteou com um anjo.”

Edilma pensou que teria um parto normal. Mas, os médicos decidiram que seria melhor fazer uma cesárea. Nesse momento, faltou oxigênio do lado esquerdo do cérebro do Matheus, e foi assim que ele ficou com paralisia cerebral.

Na época, a mãe tinha que passar 24 horas por dia com o bebê na maternidade até que recebesse alta. No caso do Matheus, foram seis meses de internação na maternidade em Natal/RN.

“Quando o pai de Matheus ficou sabendo sobre a deficiência, nos abandonou. Não quis nem registrar o filho. Disse que não queria ser pai de um doido ou aleijado. Assim começou a minha luta com o meu filho. Virei mãe e pai aos 16 anos. Aprendi a ser forte. Meu filho foi rejeitado pela família paterna, mas nós não deixamos isso nos derrubar.”

De acordo com os médicos, Matheus poderia não passar dos 15 dias de vida. Edilma, que naquele momento era uma adolescente recebendo uma grande carga da vida, pensou em deixar o filho com a mãe dela e sair pelo mundo. Ela teve medo de não ser uma boa mãe e não dar conta de cuidar do Matheus.

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“O que fez com que eu não desistisse foi quando eu o peguei no colo pela primeira vez, aos dois meses, depois que ele saiu do coma. Eu o carreguei nos braços. Matheus abriu os olhos e olhou para mim. E não pensei em mais nada de ruim.”

Quando Matheus estava com oito meses, Edilma conseguiu começar a receber um auxílio do INSS e, assim, alugou um cantinho para os dois morarem. Antes disso ela vivia na casa da mãe, que tinha um companheiro que não gostava do choro do Matheus, e por isso decidiu sair de lá.

Até 2013, Edilma viveu de aluguel. Naquele ano sua mãe faleceu e deixou uma casinha pequena para onde ela se mudou com Matheus. Ela conta que é muito grata, mas ainda sonha com uma casa que tenha menos escadas para poder se locomover com mais facilidade, já que sempre precisar levar o Matheus no colo de um lado ao outro.

“Na casa, hoje, moramos eu, Matheus e minha filha, Júlia Camile, de 19 anos, que sonha em ser assistente social motivada pela condição do irmão. Ela fez o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] no ano passado, mas não conseguiu a nota. Vai tentar de novo. Enquanto isso, também procura emprego e me ajuda bastante dentro de casa.”

Para ter mais alguma renda, Edilma passou um tempo fazendo faxinas, mas não deu certo. Como a filha precisava estudar, não tinha quem pudesse ficar com Matheus, então ele ia junto com Edilma para o trabalho. Dá para imaginar que era bastante complicado.

A supermãe inspiradora

Em maio de 2018 a filha de Edilma teve a ideia de criar uma conta no Instagram para mostrar às pessoas como é a rotina da família. A mãe concordou, e a partir daquele momento muitas coisas boas começaram a acontecer.

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“Atualmente, nós três vivemos do benefício do INSS, da pensão alimentícia de Matheus e de doações que chegam por causa do Instagram. Foi ali que uma seguidora marcou um site de histórias inspiradoras que fez uma vaquinha para reformar a minha casa e dar mais acessibilidade ao meu filho. Comprei móveis porque até então não tinha nada, tanto que Matheus dormia apenas em cima de um colchão.”

Além da vaquinha online que ajudou muito a melhorar a qualidade de vida da família, Edilma também se sente feliz pelas mensagens que recebe de pessoas falando o quanto estão sendo inspiradas por ela e por Matheus.

“Muita gente me manda mensagem dizendo que parou de reclamar da vida ao ver a dependência dele. Além disso, a intenção de mostrar a rotina de Matheus é também incentivar as pessoas a dar mais valor às suas vidas e à saúde que possuem. Teve mãe que chegou para mim e falou que parou reclamar de um filho depois que nos viu, pois eu não reclamo de nada.”

Paternidade reconhecida

Depois de 10 anos, finalmente Edilma soube que poderia pedir pensão alimentícia para o pai de Matheus, mesmo já recebendo benefício do INSS. Então, mesmo não fazendo questão da presença do homem que os abandonou, ela resolveu ir atrás dos direitos do filho.

A mãe brigou na justiça para que aquele homem reconhecesse a paternidade e começasse a pagar a pensão que Matheus merecia e precisava. O homem já faleceu, mas a pensão de R$ 200 continua ajudando nas despesas das fraldas que Matheus usa todos os dias.

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O filho em primeiro lugar

A rotina de Edilma é cuidar do Matheus, da Júlia e da casa. Ela acorda cedo, mantém tudo em ordem, e só para quando Matheus dorme.

“Nossa rotina é quase sempre a mesma. Pela manhã, levantamos às 7h, dou banho, café e o coloco para assistir à TV, algo que ele gosta bastante. Matheus se diverte muito vendo “Masha e o Urso”. Vive rindo, mesmo com as limitações.”

Matheus consegue se mexer, mas não tem força muscular para nada. Então, ele fica no sofá e se comunica com a mãe através do olhar.

“Eu consigo entendê-lo pelo olhar. Me adaptei à forma dele de se comunicar. Não foi ele que se adequou à nossa maneira.”

Edilma ainda não tem uma cadeira adaptada para dar banho em Matheus, então é ela quem entra no banho com ele todos os dias, como se ainda estivesse com seu bebê de colo. Ele tem 20 quilos, mas ela está bem acostumada e faz tudo com o maior amor do mundo.

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“Nosso dia se encerra depois das 20h. Vou descansar somente depois de Matheus dormir. É o momento em que me aquieto. Aqui em casa, ele sempre tem prioridade. É primeiro ele, depois eu.”

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