Em 1976, a atriz Solange Couto deixou de fazer parte do elenco de um filme porque recusou o assédio do diretor.
Na época, esse tipo de coisa era ainda mais comum do que é hoje em dia, e muitos casos assim só estão reduzindo por causa da coragem das mulheres em relatar publicamente e expor os abusadores.
Atualmente com 65 anos, a atriz contou essa história quando participou do podcast “Papagaio Falante”, apresentado por Renato Rabelo e Sérgio Mallandro.
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O convite para fazer teste de elenco para o filme veio da indicação feita pelo ator Antônio Pitanga, seu amigo pessoal.
Solange poderia atuar no longa-metragem “Otália de Bahia” (1976) – uma coprodução entre Brasil e França que, por aqui, recebeu o título de “Os Pastores da Noite”.
“Fiquei três meses ensaiando. [Durante os testes,] teve um dia em que o Marcel Camus falou para mim: ‘senta aqui nessa janela’. Estava de shorts. Ele estava tirando foto e de repente veio e botou a mão [em Solange], do joelho para a parte [de cima]”, relatou a atriz.
“Eu empurrei a mão dele. Aí ele tentou vir pelo interior da coxa! Empurrei a mão dele [de novo], olhei dentro da cara dele e falei: ‘a próxima, eu dou na tua cara!’ Aí ele falou: ‘é por isso que você talvez não faça o filme'”, acrescentou Solange Couto.
“No dia seguinte, cheguei para viajar para a Bahia [com o elenco e a produção, para o início das filmagens]. Quando eu cheguei com a mala, a recepcionista falou para mim: ‘eles já foram’.” “Isso me custou dois meses de hospital. Eu fiquei mal. Depois de três meses de trabalho, fiquei estudando como é que fazia sotaque…”, recordou.
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Fonte: UOL Splash