Cada vez mais estamos nos familiarizando com a síndrome de Tourette, pois há muitos jovens com a síndrome que estão fazendo questão de nos educar sobre ela nas redes sociais.
É muito importante entender melhor como funciona o Tourette para evitar o preconceito com as pessoas que convivem com essa condição complicada.
Então, vamos ver agora o que é essa síndrome, quais as características e como pode ser feito o tratamento nos casos necessários.
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O que é a síndrome de Tourette?
A síndrome de Tourette é uma doença neurológica que leva a pessoa a fazer tiques. Os chamados tiques são atos impulsivos, que a pessoa faz com frequência e de forma repetida, sem conseguir controlar.
Os tiques podem começar a se manifestar na infância, por volta dos 5 a 7 anos, mas também pode surgir mais tarde, até os 21 anos, geralmente. Eles podem começar leves e ficarem mais frequentes e intensos com o passar do tempo.
Há pessoas que têm um certo controle dos tiques, por exemplo, não tendo tiques em determinadas situações nas quais eles possam gerar muita vergonha.
Existem também casos de pessoas que sentiram uma redução dos tiques com o passar dos anos, então, a síndrome tem vários padrões.
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Os sintomas da síndrome
Os sintomas da síndrome de Tourette são os tiques, que podem ser de tipos, frequência e intensidade diferentes em cada pessoa. São separados por tiques motores e vocais:
Tiques motores
- Piscar os olhos;
- Inclinar a cabeça;
- Encolher os ombros;
- Tocar no nariz;
- Fazer caretas;
- Movimentar os dedos das mãos;
- Fazer gestos obscenos;
- Chutes;
- Sacudir o pescoço;
- Bater no peito.
Tiques vocais
- Xingamentos;
- Soluçar;
- Gritar;
- Cuspir;
- Cacarejar;
- Gemer;
- Uivar;
- Limpar a garganta;
- Repetir palavras ou frases;
- Usar diferentes tons de voz.
A intensidade, variedade e frequência dos tiques podem aumentar quando a pessoa está passando por um período de estresse emocional. E eles tendem a reduzir ou até desaparecer durante o sono, quando a pessoa está cantando ou fazendo outra atividade que exige muita concentração.
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Causa e diagnóstico
A síndrome de Tourette ainda intriga os médicos neurologistas, que não podem nos dar todas as respostas.
Acredita-se que o problema venha de uma falha em um dos circuitos cerebrais devido a alterações genéticas, aumentando a produção de dopamina e estimulando as contrações involuntárias de músculos.
Existem relatos de pessoa que foram diagnosticadas depois de sofrer um traumatismo craniano, e observa-se também que mais de 40% dos portadores apresentam sintomas de transtorno obsessivo compulsivo ou hiperatividade.
Os pais e professores costumam notar o aparecimento de tiques nas crianças pequenas, e nem sempre quer dizer que a criança tem a síndrome.
Mas, se perceber que o bem-estar da criança está sendo afetado pelos tiques, é importante levá-la ao médico, de preferência a um neurologista pediátrico.
Além de observar o comportamento da criança e analisar seu histórico de saúde, o médico poderá pedir uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada para verificar a possibilidade de ser outra doença neurológica com sintomas semelhantes.
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Tratamento para a síndrome de Tourette
Como não se conhece exatamente a causa da síndrome, não há um tratamento específico capaz de acabar com os tiques.
Então, conforme a observação de cada caso, o médico pode recomendar o uso de certos medicamentos para ajudar no controle dos tiques. Quando recomendados, os medicamentos são os seguintes:
- Topiramato: é um medicamento que ajuda a controlar tiques leves ou moderados, quando existe obesidade associada;
- Antipsicóticos típicos, como haloperidol ou pimozida; ou atípicos, como aripiprazol, ziprasidona ou risperidona;
- Injeções de Botox: são usadas em tiques motores para paralisar o músculo afetado pelos movimentos, reduzindo o surgimento dos tiques;
- Remédios inibidores adrenérgicos: como Clonidina ou Guanfacina, que ajudam a controlar sintomas comportamentais como o impulsividade e ataques de raiva, por exemplo.
Vale ressaltar que não é todo caso que precisa ou que pode fazer uso de medicamentos. Muitas vezes, a pessoa apresenta melhora dos sintomas com sessões de psicoterapia ou terapia comportamental.
A criança com síndrome de Tourette precisa levar uma vida normal, dentro do possível. Se tiver condições de ir à escola, com tiques leves que não prejudiquem os outros alunos, deve continuar indo.
Ela tem plena capacidade de aprender e se desenvolver, desde que receba o suporte dos pais e professores, inclusive, incentivando a empatia e o respeito dos colegas.
Se a criança for isolada do convívio social por causa da síndrome, poderá desenvolver outros problemas como ansiedade, depressão e transtornos. O melhor a fazer é educar todos à volta da criança sobre a síndrome, promovendo sua integração social.
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