Os dados sobre o suicídio no mundo são assustadores. Em média, 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano. As causas são muitas, mas todas relacionadas com fatores emocionais. Na maioria dos casos existe como identificar os sinais de comportamento suicida e ajudar uma pessoa que esteja com essa intenção. Veja quais são esses sinais e de que formas você pode intervir para evitar um suicídio.
Sinais de comportamento suicida
Ocorrem casos de suicídio repentino, principalmente por pessoas que sofrem de problemas psiquiátricos que levam a atitudes imprevistas e não planejadas. Mas são minoria. Na maior parte das vezes é possível detectar os sinais de comportamento suicida. Basta você prestar atenção em que está à sua volta e saber o que observar. Veja quais são os principais sinais:
1. Ameaças de suicídio
Mesmo que para você pensar em suicídio seja algo absurdo, para muitas pessoas é um pensamento sério e recorrente. Então, quando alguém do seu convívio fala uma ou mais vezes que gostaria de interromper a própria vida, é melhor não ignorar. Principalmente se a pessoa demonstra falar sério e apresenta outros sinais que poderiam justificar essa decisão, na visão dela.
2. Demonstração de calma repentina
Quando alguém do seu convívio passou recentemente ou ainda está passando por um momento de trauma, ansiedade ou depressão, mas está parecendo calmo demais diante dessa situação, como se nada estivesse acontecendo, é importante prestar mais atenção nessa pessoa.
Essa demonstração de despreocupação com uma situação que deveria estar causando a reação contrária, pode significar que, para a pessoa, ela encontrou a solução dos seus problemas no suicídio e agora planeja como e quando fazer.
Existe diferença em uma pessoa que está se recuperando gradualmente e de forma saudável de um trauma ou da depressão, e de alguém que repentinamente parece nunca ter passado pelo problema. Mas você só percebe essa diferença se está próximo da pessoa, conversando constantemente com ela e tem a opinião de um profissional para lhe ajudar a agir da maneira correta.
3. Resolução repentina de assuntos pendentes da vida
Se você percebe que alguém do seu convívio que já tenha uma predisposição a problemas psiquiátricos, que esteja em tratamento ou que passou por um trauma recente, de repente começa a resolver as pendências da vida, fique atento.
Essas resoluções repentinas são, por exemplo, querer visitar pessoas que não vê há tempo, começar a distribuir seus pertences para parentes e amigos próximos, pagar dívidas ou fazer um testamento, mesmo não estando com idade avançada nem com uma doença terminal.
4. Mudança repentina de comportamento
As mudanças de comportamento repentinas são características comuns de diferentes doenças psiquiátricas. Mas se não for o caso, e mesmo assim você notar que alguém do seu convívio começou a agir de forma muito diferente, preste atenção.
Essas atitudes diferentes podem ser quanto ao jeito de se vestir, desleixo com a higiene pessoal, com o jeito de conversar e se reportar às pessoas, começar a praticar atividades de alto risco, usar drogas pesadas, dirigir em alta velocidade e outras atitudes semelhantes que sejam muito diferentes da sua verdadeira personalidade.
Esse tipo de mudança pode significar que a pessoa já não tem mais interesse pela vida e por isso começa a agir como se não tivesse mais nada a perder. Inclusive, acharia bom se perdesse a única coisa que lhe resta.
5. Tristeza excessiva e isolamento
Essas duas características também são sintomas de diferentes doenças, como por exemplo da depressão ou até mesmo um sinal de alerta para o bullying. Não quer dizer que somente com esses sintomas uma pessoa cometeria suicídio, mas também não quer dizer que seria incapaz de fazê-lo. Vai depender de todo o contexto que está vivenciando.
Aliás, no caso da depressão, na maioria das vezes a pessoa não consegue identificar a doença quando ainda não está em tratamento. Sendo assim, ela pode pensar que simplesmente não está mais conseguindo lidar com a vida e a dor que sente, abrindo espaço para que o pensamento suicida comece a fazer parte da sua rotina. Então é melhor prestar atenção nessa pessoa enquanto ela ainda pode receber ajuda.
O que fazer e como ajudar?
Agora que já sabe quais são os principais sinais de comportamento suicida, é importante saber o que fazer para ajudar. Em primeiro lugar é preciso deixar de lado o preconceito quanto às doenças psiquiátricas. Ele existe e é forte.
Antigamente, quando não se tinha conhecimento sobre as causas e características desses transtornos, muitos pacientes eram considerados simplesmente amaldiçoados. Mas hoje em dia, ignorar essas doenças é algo inadmissível, pois o que mais tem é informação e a maioria delas é tratável. Logo, se muitas dessas doenças podem levar ao suicídio, ele pode ser evitado tratando as doenças.
Então, dar importância aos sinais de comportamento suicida sabendo que pode tratar-se de um sintoma grave de um transtorno que a pessoa está passando é a primeira forma de ajudar. Fazendo isso, os próximos passo são:
- Oferecer atenção, amor e carinho à pessoa;
- Ser ouvinte pelo tempo que a pessoa precisar, evitando falar de si mesmo;
- Nunca reduzir a importância dos seus problemas, dizendo que “vai passar” ou que “não é nada”;
- Não prometer que vai resolver os problemas da pessoa por ela, e sim, dizer que está com ela para o que precisar, que ela não está sozinha;
- Ser uma boa companhia, falando só de coisas boas, relembrando fatos agradáveis, resgatando os bons sentimentos da pessoa sobre a vida;
- Se quiser fazer perguntas, instigue respostas mais complexas, não apenas sim e não, para estimular que a pessoa reflita sobre o que está sentindo;
- Evite ficar questionando a pessoa com questões que ela não consegue responder, fazendo ela se sentir julgada ou pressionada;
- Procure um profissional da área da saúde mental e sugira à pessoa que é uma ótima opção para começar a solucionar o que está sentindo.
Campanha setembro amarelo: o que é e como surgiu?
Assim como existe o outubro rosa em conscientização à prevenção do câncer de mama e o novembro azul para o câncer de próstata, também existe o setembro amarelo para promover a conscientização sobre a prevenção do suicídio.
Essa campanha começou no ano de 2015 e tem o objetivo de alertar a população sobre a realidade do suicídio e como todos podem perceber sinais de comportamento suicida para ajudar na prevenção. Ela acontece por meio de intervenções urbanas e eventos realizados por instituições públicas e privadas que tiverem interesse em aderir à causa.
Ocorrem palestras, rodas de conversa, caminhadas e outros eventos relacionados para que o assunto torne-se presente na vida das pessoas e deixe de ser um tabu. Você pode saber mais sobre a campanha visitando o site www.setembroamarelo.org.br