Setsuko Saito é uma brasileira descendente de japoneses que nasceu em Araçatuba, no interior de São Paulo. Aos cinco anos foi morar na capital. Lá ela cresceu, se casou, teve três filhos e sempre foi dona de casa. Quando ficou viúva, decidiu fazer artesanato com plantas. Ela jamais imaginou que sua vida mudaria tanto a partir dos 68 anos.
“Há dois anos eu estava passeando na Avenida Paulista, em São Paulo, quando fui abordada por um profissional de uma agência de modelos perguntando se eu já tinha pensado em seguir carreira no mundo da moda. Eu tinha 68 anos na época e achei aquilo surreal. Nem levei muito a sério. Mas a mesma situação aconteceu outras duas vezes, na mesma avenida, por outras agências e por fotógrafos. Foi aí que comecei a questionar: será que eu levo jeito?”
Quando veio o primeiro convite, feito pela famosa agência Mega, Setsuko não quis aceitar se antes pesquisar mais sobre o assunto. Com toda a experiência de vida, ela sabia que aceitar essa proposta era algo sério e traria muitas mudanças em sua vida, além de investimentos.
Enfim, depois de pensar bem, ela aceitou. No primeiro ano fez trabalhos pequenos e aprendeu que, para ser modelo, é preciso saber esperar e persistir. E assim foi, até que surgiu um trabalho grande para a marca Natura. Foi um sucesso. Todos os profissionais adoraram a performance da modelo, e ela também gostou de como se saiu.
Foi assim que veio o primeiro cachê, com o qual ela comprou um celular novo e produtos dermocosméticos, afinal, uma modelo precisa cuidar da saúde e da aparência.
“Entrei na carreira de modelo pensando que era só fazer caras e bocas e não é assim — tem que colocar alma em cada trabalho. Tem que incorporar uma personagem, como se fosse atriz, para transmitir a mensagem que a marca quer. Por isso, fiz curso de atuação, de passarela e aprendi passos básicos de dança. Isso tudo tem sido muito motivador — são coisas que eu jamais iria fazer. Agora quero estudar inglês. Meu sonho é desfilar na Europa.”
Ser modelo também fez com que Setsuko ficasse mais vaidosa, coisa que antes não fazia parte da sua rotina. Ela passava um batom de vez em quando e as unhas só foram feitas para o próprio casamento, há décadas. Salão não era com ela, nem preocupação com roupas e sapatos.
Mas, a vaidade não é apenas maquiagem e roupas. Se ela não cuidasse tão bem da saúde e da alimentação, talvez não tivesse chamado a atenção das agências e dos fotógrafos. Ela sempre foi muito ligada aos cuidados naturais de saúde transmitidos por seus antepassados.
“Hoje, me cuido do dedão do pé até o último fio de cabelo — que, aliás, eu nunca pintei ou fiz qualquer tipo de química. Dá trabalho, é um ritual diário. Passei a tomar vitaminas para fortalecer as unhas, a prestar mais atenção nos produtos para o cabelo e comecei a fazer academia. Nunca tinha feito e peguei gosto. Passei a me sentir muito mais disposta e flexível. Faço aulas de abdominal, alongamento e pilates, que eu amo.”
Toda essa dedicação e amor pelo novo trabalho renderam frutos. Setsuko desfilou na São Paulo Fashion Week e trabalhou com marcas como a Natura, C6 Bank, Motorola, iFood e Authentic Feet.
Sua forma de ver a vida e o mundo à sua volta também mudou, tudo com mais aceitação e entusiasmo. Hoje ela é uma inspiração e um exemplo de que a vida não está terminando aos 70, mas sim, começando uma nova fase, cheia de boas surpresas para quem está aberto a receber.