Há pouco mais de um ano um grupo brasileiro de distribuição de carnes enfrentou um escândalo de grandes proporções devido à presença de Salmonella em seus alimentos. O fato deixou muitas pessoas assustadas e chamou a atenção para essa doença bacteriana, bastante perigosa devido à rápida progressão dos sintomas quanto não tratados. Entenda como ela age e como evitá-la.
O que é Salmonella?
A Salmonella é um gênero de bactérias que pertence à família Enterobacteriaceae e que provoca a doença salmonelose no ser humano. O cientista Daniel Elmer Salmon foi o primeiro a associar a doença com a bactéria, há mais de 100 anos, e por isso ela recebeu esse nome.
O Ministério da Agricultura aponta que são conhecidos mais de 2.500 tipos da doença, que é encontrada em produtos de origem animal ou vegetal e no meio ambiente. Segundo o órgão, os tipos mais importantes dentro são a Salmonella Enteritidis e a Salmonella Typhimurium, que são transmitidas aos seres humanos. Outros tipos de bactérias, mais comuns em animais, são a Salmonella subterranea e Salmonella bongori.
As enfermidades causadas por esse grupo de bactérias móveis são consideradas um dos problemas mais graves de Saúde Pública em todo o mundo.
Sintomas de infecção por salmonella
Na grande maioria dos casos, a transmissão se dá por via oral. No processo, a bactéria passa pelo estômago, onde se multiplica e atinge as células do intestino, provocando os seguintes sintomas:
- Diarreia (com sangue, em alguns casos);
- Dor abdominal;
- Náuseas e vômitos;
- Febre;
- Falta de apetite;
- Dor de cabeça.
O período de incubação varia de oito a 48 horas após o contato com a bactéria. Se não for tratada, a salmonelose pode evoluir para outras doenças mais graves, que também são provocadas pelos tipos mais comuns de Salmonella:
- Febre entérica ou febre tifoide: causa fraqueza, dor de cabeça, pressão alta e dores abdominais e musculares. A doença perdura por até oito semanas, e a taxa de mortalidade associada é alta, principalmente em regiões pobres. O tratamento é feito com antibióticos, mas o estado de saúde do portador fica afetado por vários meses;
- Enterocolite: provoca vômito, diarreia, febre, náuseas e dores abdominais, sintomas
que desaparecem após cinco dias. É mais comum quando o alimento que gerou a contaminação apresenta elevadores teores de gordura; - Gastroenterite: inflamação gastrointestinal que atinge o estomago e o intestino delgado
e que provoca os mesmos sintomas da enterocolite. É também chamada de gripe intestinal, pois se manifesta por mais ou menos duas semanas; - Septicemia ou sepse: consequência da infecção por Salmonella, que pode ser gerada quando o corpo dá uma resposta agressiva e acaba danificando os tecidos e
órgãos. É potencialmente fatal.
Origens da contaminação
A forma mais comum de transmissão é o contato com animais infectados ou o consumo de alimentos crus ou mal cozidos contaminados com fezes. Até mesmo o consumo de água contaminada pode levar à doença.
É importante lembrar que a carne, os ovos e o leite são frequentemente contaminados com fezes dos animais durante a produção, principalmente pela falta de práticas de higiene corretas. Os alimentos de origem animal que oferecem maior risco são as carnes de aves (principalmente frango e peru), leite não pasteurizado e seus derivados e água.
No entanto, mesmo os vegetarianos e veganos não estão livres da infecção por Salmonella, uma vez que frutas, ervas aromáticas e especiarias também podem ter contato com fezes contaminadas de animais durante o cultivo.
Outra fonte de transmissão comum são equipamentos e superfícies usados no processamento de alimentos, desde os industriais até os domésticos, quando não são limpos e desinfetados da maneira correta.
Fatores de risco
Quem tem animais de estimação em casa corre o risco de ter contato com a bactéria presente nas fezes, principalmente répteis, já que a maioria possui o parasita em seu sistema. Outros fatores de risco envolvem imunidade baixa, idade (crianças e idosos são mais suscetíveis), anemia, menor acidez gástrica, gravidez, leucemia e AIDS.
Prevenção
Como a defesa é a melhor estratégia para combater doenças e infecções, recomenda-se adotar as seguintes medidas:
- Evitar o consumo de carne crua e mal passada;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumir, principalmente a carne de frango;
- Lavar frutas, verduras e legumes antes de comer
- Higienizar todos os equipamentos utilizados para o preparo das refeições, além de lavar as mãos com frequência;
- Cozinhar bem os ovos e evitar o consumo de pratos que levem ovos crus, como gemada e maionese caseira;
- Não consumir leite não pasteurizado;
- Lavar bem as mãos após contato com répteis e evitar a presença desses animais em casas com crianças.
Diagnóstico e tratamento da salmonelose
Somente um exame de fezes poderá confirmar se o paciente está infectado pela Salmonella. O médico deverá, ainda, solicitar um exame de sangue e informações detalhadas sobre o histórico de saúde, sobre hábitos alimentares e sobre últimas refeições do paciente.
Os tipos mais comuns da doença são tratados com medicação adequada, repouso e hidratação para repor as perdas pela diarreia. Pacientes que desenvolvem bacteremia (quando as bactérias afetam outros órgãos), devem ser tratados com antibióticos e, em alguns casos, internação.
Se o médico constatar vários casos de infecção por Salmonella transmitidos por alimentos e líquidos contaminados em um período curto de tempo, a Vigilância Sanitária deve ser informada, pois pode haver um surto.
As dicas deste artigo não substituem a consulta ao médico. Lembre-se que cada organismo é único e pode reagir de forma diferente ao mencionado. E para obter os resultados mencionados também é preciso aliar a uma vida e alimentação saudável e equilibrada.
Veja no vídeo abaixo alguns mitos e verdades sobre essa bactéria: