O câncer de mama é o mais comum no país, representando 28% dos casos, sendo mais provável de aparecer depois dos 50 anos. Um dos fatores que pode aumentar a incidência da doença, seja em pessoas com predisposição ou não, é a reposição hormonal. Apesar de ser necessário para algumas mulheres, pode apresentar muitos efeitos colaterais. E foi o que aconteceu com a jornalista Ruth de Aquino.
Jornalista relata seu câncer de mama
Ela começa já falando da diferença que esse Outubro Rosa teve em sua vida. Isso porque, em julho, ela realizou uma operação para retirada de um tumor maligno, localizado na mama. Sim, o que antes era seio, objeto de libido, passou a ser somente uma mama. Exames, tratamentos e a descoberta de si mesma.
Ruth, uma jornalista a mil por hora, não tinha tendência genética, é magra, faz atividade física, amamentou os dois filhos, nunca fumou e estava com a vida repleta de alegria e realizações. Viajou o mundo, conheceu pessoas maravilhosas, tem uma família incrível e o sorriso faz parte da sua beleza. Então, o que poderia ter causado?
Além do estresse do ramo em que trabalha, um fator pesou significativamente no desenvolvimento da doença. A reposição hormonal, feita por ela há 12 anos, deixou sua marca no corpo. De acordo com Ruth, em suas pesquisas ela descobriu que “depois de cinco anos de terapia hormonal contínua, o risco dobra”.
A descoberta
Ela descobriu que estava com câncer de uma forma interessante, pode-se até chamar de uma tremenda coincidência do bem. Ela não sentia dor, não tinha caroço e nenhum dos sintomas de câncer de mama. Porém, decidiu adiantar os exames, incluindo a mamografia, apenas para ver como estava.
Foram meses de antecedência, quando ela fez tanto a ressonância quanto a ultrassonografia, dando infelizmente resultado positivo para o câncer. Foi um período difícil, quando ela pensou muito e mudou alguns hábitos. Passou a se alimentar ainda melhor, sem agrotóxicos ou qualquer tipo de veneno, nos alimentos e nas relações.
Seu pensamento não foi derrotista, pelo contrário. Ela nunca se perguntou o porquê de ter sido ela ou se vitimizou. Na realidade, em essência, ela pensou assim: “que vida boa. Estudei com gosto, o jornalismo é paixão, dancei balé com e sem sapatilha, amei os homens certos, tenho filhos que me orgulham, netos que me tiram do sério e do eixo, viajei a mais de 60 países por prazer e profissão, escrevo, caminho, enxergo, rio. Minha vida foi e é generosa comigo. Melhor que dure mais”.
Tratamento
E com esse pensamento, ela partiu para fazer o tratamento. Segundo Ruth, ela é parte de uma minoria que pode ter acesso a melhores recursos de saúde e fez bom proveito deles. Resolveu tudo o mais rápido possível e procurou adiar ou cancelar as atividades do trabalho, para poder focar na melhora.
Depois de um exame, que levou três semanas para ter o resultado, ela descobriu que não precisaria de quimioterapia, somente radioterapia. Ficou muito feliz com isso, já que os efeitos colaterais do tratamento não são coisa simples de lidar. Fez então o tratamento e, a cada sessão, procurava manter sua mente positiva.
Ela está curada, mas precisa ainda tomar uma medicação para evitar que esse tipo de câncer retorne. Em seu emocionante relato, ela diz que apesar do carinho de quem estava perto, havia uma certa solidão. “Porque é uma batalha só sua. Como se a praia estivesse no telão do cinema e a gente, no escurinho, de espectador”. Uma vitória linda e inspiradora, para pensar e ressignificar a vida.