A relação abusiva é a realidade de milhares de pessoas – principalmente mulheres, em todo o mundo. Esse tipo de relacionamento geralmente começa de forma totalmente diferente.
O homem se demonstra preocupado, disfarçando um ciúme possessivo na forma de cuidado. Mas, com o tempo, a coisa muda de figura.
O controle do homem sobre a mulher começa a tomar conta da rotina de um jeito incapacitante. E quanto mais a mulher tenta se esquivar, pior fica.
As consequências de uma relação abusiva na saúde física e mental de quem sofre podem ser profundas e irreparáveis.
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O que é considerado uma relação abusiva?
A relação abusiva é quando existe qualquer tipo de violência: agressões físicas, psicológicas, patrimoniais (privação de bens, valores e documentos pessoais), sexual (qualquer tipo de relação não consensual) ou moral (calúnia e difamação).
Danos na vida de quem sofre com um relacionamento abusivo
Os danos psicológicos podem surgir sem que haja agressão física. Como explica a psicóloga Eglacy Sophia, doutora em Amor Patológico pela USP (Universidade de São Paulo), em entrevista ao UOL Equilíbrio:
“No relacionamento abusivo, a pessoa nunca tem estabilidade. Ou é tudo ou não é nada. Existe uma sensação de muito desespero, desequilíbrio, ansiedade, adrenalina. As pessoas, algumas vezes, criam até doenças de tão estressante que é essa relação. São problemas físicos de ansiedade, depressão, estresse”.
O que desencadeia essas doenças e suas consequências é o esgotamento. Viver em um relacionamento abusivo é extremamente cansativo e a tranquilidade nunca chega, pois a tensão paira no ar.
Com isso, o sistema imunológico fica mais vulnerável. A sensação pode facilitar o surgimento de dores crônicas, principalmente musculares, e sobrecarregar alguns órgãos.
Problemas estomacais, como gastrite nervosa, surgem em resposta ao estresse e ansiedade. A alimentação sofre alterações, a preocupação excessiva não deixa a comida descer ou faz a pessoa desenvolver um distúrbio compulsório por comida, como uma fuga.
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Outro problema decorrente do abuso é que a pessoa passa a dedicar todo seu tempo e atenção ao relacionamento. A preocupação e o medo são constantes, falta energia para trabalhar, cuidar dos filhos, pensar em si.
“A pessoa está totalmente sem energia para fazer as coisas dela. Você percebe que ele não se desenvolve. A gente tem no nosso emocional uma quantidade de energia, se a direcionamos por completo ao outro ou para o relacionamento, sobra zero”, observa a psicóloga Eglacy Sophia.
O que mais se vê relatado em estudos epidemiológicos são transtorno de ansiedade, depressão, automutilação, dor crônica e transtorno de estresse pós-traumático.
Como sair de um relacionamento abusivo?
Em primeiro lugar, perceber que está em um relacionamento abusivo é fundamental. Buscar ajuda é o segundo passo.
Nem todas as mulheres conseguem, pois vivem em regime privado, presas em casa e vigiadas quando saem.
Essas precisam da ajuda de pessoas que sabem ou desconfiam do abuso e devem denunciar na delegacia ou, de preferência, direto em uma Delegacia da Mulher.
Se não for possível acolher a mulher no momento, é importante anotar seus dados pessoais para passar à polícia quando fizer a ligação, que pode ser para o 190 (Emergência – Polícia Militar), 197 (Denúncia – Polícia Civil) ou 180 (Central de Atendimento à Mulher).
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Artigo com informações de UOL Equilíbrio