Enquanto algumas crianças comem qualquer coisa que colocar na frente delas, outras são seletivas, fazendo os pais sofrerem com a recusa alimentar. Essa não é uma questão nova, pelo contrário. Dizer que o filho não come quase nada é uma das reclamações mais ouvidas por pediatras. Mas então, o que pode levar à recusa alimentar?
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Deixar a criança escolher tudo o que vai comer
Conforme explicou a nutricionista e pesquisadora Raquel Ricci, em entrevista para UOL, na intenção de fazer com que a criança coma a qualquer custo, a família passa a oferecer o que ela pede insistentemente, como leite, pão ou só macarrão.
“O objetivo foi cumprido (não ficar sem comer), mas de uma forma inadequada e sem orientação, ou seja, errada, mas por um bem maior, segundo os pais. Digo que o erro está em manter práticas sabendo que estão erradas”, comenta a especialista.
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Oferecer mais do que a criança consegue comer
Já parou para pensar que, muitas vezes, a criança faz a recusa alimentar porque não está com fome de verdade? Quando o apetite é grande e a fome bate no fundo do estômago, ninguém fica separando pedacinhos que acha menos atraentes do prato.
É importante entender que o organismo de uma criança pequena precisa de menos comida do que um corpo adulto. Logo, a criança vai recusar a comida quando já comeu o suficiente e não está mais com fome – ainda que tenha comido pouco, na visão dos pais.
Deixar a criança comer quando quiser
Essa questão está relacionada às duas anteriores. Tão importante quanto colocar regras sobre o tipo de alimento que será consumido em cada refeição é determinar os horários para comer.
Se os pais deixarem a criança “beliscar” tudo o que quiser na cozinha nos horários entre as refeições principais, ela não terá fome no almoço ou no jantar, por exemplo. Então, ela fará a recusa alimentar quando se sentar à mesa, pois já comeu o bastante.
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A recusa alimentar pode ser um sintoma de problema emocional?
Outro ponto importante a considerar, quando os pais notam uma recusa alimentar constante e preocupante, é se a criança pode estar com algum problema emocional.
Para a nutricionista Ana Suely de Andrade, a recusa alimentar é um problema complexo. Primeiro, deve-se avaliar se existem problemas orgânicos, emocionais, ambientais ou mesmo a combinação de ambos como base da recusa alimentar.
“A família é a base da formação infantil em todos os seus aspectos e muitos problemas alimentares são originados pela atitude familiar, como excesso de controle, comportamentos inadequados, pais muito permissivos ou negligentes”, ressalta.
Os pais estão servindo de exemplo?
Como já mencionado anteriormente pela nutricionista, a família é a base da formação infantil em todos os aspectos. Logo, os pais e outros jovens e adultos da casa são a referência da criança em todos os sentidos, até na forma ideal de se alimentar.
Para o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, a família é o maior exemplo de comportamento. “São o espelho e os responsáveis pelo sucesso ou fracasso na oferta dos alimentos. Quase todas as famílias de crianças que não comem bem têm alguém que já apresentou ou apresenta problemas semelhantes, faz dieta ou tem problemas com a alimentação”.
Falta de variedade e criatividade
O contato positivo das crianças com os alimentos saudáveis começa aos 6 meses de vida, com a introdução alimentar. Desde essa fase é importante oferecer alimentos variados para a criança, deixando-a interagir com as cores, cheiros, texturas e sabores.
Os pais devem inventar formas criativas de montar os pratos para abrir o apetite, e devem oferecer coisas novas para que a criança conheça os alimentos e possa descobrir do que gosta.
E quando a criança faz a recusa alimentar, não é bom insistir no mesmo alimento ou, pelo menos, ofereça de forma diferente, pode funcionar.
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Quando buscar ajuda médica por recusa alimentar?
A recusa alimentar é considerada normal até certo ponto, pois faz parte do processo de conhecer os alimentos e o próprio gosto.
Segundo a nutricionista Raquel Ricci, a recusa alimentar passa a ser um problema quando isso traz angústia, medo, preocupação e incerteza à família, quando o momento da refeição deixa de ser agradável, quando há repercussão no estado nutricional da criança e quando os pais ficam em dúvida se o que estão fazendo está correto ou não.
“Qualquer que seja o grau de seletividade alimentar, se gerar dúvidas, é melhor buscar ajuda especializada”, finaliza.
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Fonte: UOL Viva Bem