Quem tem pressão alta precisa se cuidar, manter o tratamento sob controle. A saúde e a qualidade de vida dependem disso. Apesar de ser mais comum na fase adulta, essa doença pode afetar crianças, adolescentes e jovens adultos. E é no diagnóstico dessas faixas etárias que existe o maior risco de doenças neurológicas, anos mais tarde.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 30% dos brasileiros vivem com hipertensão. Trata-se de uma doença considerada crônica e um problema de saúde pública, devido ao alto número de pessoas que atinge, combinado ao baixo número de controle adequado.
As consequências mais conhecidas da pressão alta são a diminuição do fluxo sanguíneo ao coração, angina de peito e insuficiência coronária, arritmias, insuficiência cardíaca, aterosclerose e trombose.
E como se tudo isso não bastasse, em um estudo recém-publicado na revista científica JAMA Network Open, pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia e Ciências da População, do Instituto Nacional do Envelhecimento, nos Estados Unidos, descobriram uma associação perigosa entre o diagnóstico em jovens e a saúde do cérebro.
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Pressão alta x demência: Resultado explicado, mas preocupante
O estudo analisou dados de 853 pessoas durante 30 anos, desde a idade adulta jovem (por volta dos 25 anos) até a meia-idade.
Aqueles que tiveram um diagnóstico de hipertensão ainda na juventude apresentaram menor fluxo sanguíneo no cérebro e mais alterações com impacto negativo para a saúde do órgão, à medida que envelheciam.
O mesmo foi observado em participantes que não tiveram pressão alta no início da juventude, mas tiveram um aumento gradual e constante durante a vida.
Os pesquisadores explicam o motivo: quando a pressão arterial é alta, o cérebro e as estruturas em volta desenvolvem barreiras para reduzir o impacto que pode ser agressivo para as paredes dos vasos sanguíneos.
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Um desses mecanismos é tornar as veias e artérias mais rígidas, o que tem um impacto negativo, pois dificulta que o sangue leve a oxigenação adequada para o cérebro. Essa é a chamada demência vascular.
O estudo mostrou que, além de um menor fluxo sanguíneo na região do cérebro, houve redução de algumas áreas, como a massa cinzenta e a massa branca, favorecendo o surgimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Isso ocorre por causa de múltiplos infartos lacunares, que afetam as massas brancas e cinzentas profundas do hemisfério cerebral.
Aí está o motivo de a pressão alta em jovens aumentar o risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
Os pesquisadores finalizaram destacando a importância de manter os cuidados para controle da pressão e, assim, prevenir também as doenças neurológicas.
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Fonte: O Globo Saúde