Quem está acompanhando a guerra entre Rússia e Ucrânia, sabe que Vladmir Putin está apertando o cerco e colocando não apenas a Ucrânia em risco, mas toda a Europa.
A situação está tensa: muitos mortos, feridos, estrangeiros presos no país, destruição e medo. Mesmo diante desse cenário, os militares e políticos precisam analisar os possíveis desfechos da guerra, que são os seguintes:
No caso de uma guerra curta
- A Rússia intensifica suas operações militares com ataques de artilharia e foguetes em toda a Ucrânia;
- A Força Aérea russa lançaria ataques aéreos devastadores;
- Ataques cibernéticos maciços varrem toda a Ucrânia;
- O fornecimento de energia e as redes de comunicação são cortados;
- Milhares de civis morrem;
- A capital Kiev cai em poucos dias e o governo é substituído por um regime fantoche pró-Moscou;
- O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é assassinado ou foge, para o oeste da Ucrânia ou mesmo para o exterior, a fim de estabelecer um governo no exílio;
- O presidente russo, Vladimir Putin, declara vitória e retira algumas forças militares, deixando para trás o suficiente para manter algum controle sobre eventuais resistências;
- Milhares de refugiados continuam indo para o oeste;
- A Ucrânia junta-se a Bielorússia como Estado cliente de Moscou.
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Uma guerra longa
- Forças russas atolam, prejudicadas pelo baixo moral, má logística e liderança inepta;
- Demora maior para as forças russas conquistarem cidades como Kiev, cujos defensores militares e civis lutam rua por rua. Segue-se um longo cerco;
- Mesmo que as forças russas tenham obtido alguma presença nas cidades da Ucrânia, talvez seja necessário que elas continuem lutando para manter o controle;
- Talvez a Rússia não possa fornecer tropas suficientes para cobrir um país tão vasto;
- Outra possibilidade é que EUA e países da Europa continuem a fornecer armas e munições. E, então, talvez depois de muitos anos, talvez com uma nova liderança em Moscou, as forças russas eventualmente deixem a Ucrânia.
Guerra europeia
- Se a guerra ultrapassar as fronteiras e se espalhar pela Europa, o presidente Putin poderia tentar recuperar mais partes do antigo império da Rússia enviando tropas para ex-repúblicas soviéticas, como Moldávia e Geórgia, que não fazem parte da aliança militar da OTAN;
- Putin poderia ameaçar enviar tropas para os Estados bálticos — que são membros da OTAN — como a Lituânia, para estabelecer um corredor terrestre com o enclave costeiro russo de Kaliningrado, separado da Rússia justamente pelo território lituano;
- Essa ameaça arriscaria uma guerra com todos os membros da OTAN. Mas Putin pode correr esse risco se sentir que essa é a única maneira de salvar sua liderança.
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Solução diplomática
“As armas estão falando agora, mas o caminho do diálogo deve permanecer sempre aberto”, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
- Autoridades russas e ucranianas já se reuniram para conversar na fronteira com a Bielorússia. Ao concordar com as negociações, Putin parece ao menos ter aceitado a possibilidade de um cessar-fogo negociado;
- O líder russo precisa saber o que seria necessário para que as sanções contra a Rússia fossem suspensas. Ou seja, quais seriam os termos para que um acordo seja pelo menos possível;
- Ele julga que continuar a guerra pode ser uma ameaça maior à sua liderança do que a humilhação de terminá-la;
- A China (principal aliado da Rússia) intervém, pressionando Moscou a se comprometer com a negociação de cessar-fogo, alertando que não comprará petróleo e gás russos a menos que diminua a escalada do conflito;
- Os diplomatas se engajam, e um acordo é feito. A questão pode passar principalmente pelo aspecto territorial;
- Putin poderia aceitar a independência da Ucrânia e seu direito de aprofundar os laços com a União Europeia e até mesmo com a OTAN.
Putin deposto
- Talvez Putin se aprofunde em uma guerra desastrosa. Milhares de soldados russos morram. As sanções econômicas mordam;
- Putin perde apoio popular. Talvez haja a ameaça da revolução popular. Ele usa as forças de segurança interna da Rússia para suprimir essa oposição;
- Membros suficientes da elite militar, política e econômica da Rússia podem acabar se voltando contra ele;
- Os EUA e a Europa deixam claro que, se Putin for substituído por um líder mais moderado, a Rússia verá o levantamento de algumas sanções e a restauração das relações diplomáticas normais;
- Poderia haver um golpe sangrento no palácio, e Putin estaria fora do poder.
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Fonte: BBC Brasil