Embora o coronavírus esteja afetando pessoas de todas as idades, todo mundo sabe que os idosos formam um dos grupos de risco. Com a saúde debilitada por conta de doenças crônicas ou mesmo pela fraqueza natural que a idade avançada traz, o organismo fica muito mais suscetível ao contágio.
Então, faz todo o sentido que as equipes de profissionais que trabalham nas casas de repouso para idosos precisem de mais orientação e atenção sobre como lidar com os idosos nesse momento de pandemia, e como se protegerem para cuidar de todos, inclusive de si mesmos.
Stephanie Goublomme, que coordena a resposta do programa Médicos Sem Fronteiras à covid-19 em casas de repouso em Bruxelas, na Bélgica, contou um pouco sobre como está sendo a sua experiência.
É importante que os brasileiros leiam os relatos da profissional, que trabalha na Europa, para que percebam que o mundo todo está preocupado e correndo atrás de soluções para conter a pandemia.
Erroneamente, muitos pensam que na Europa está tudo sob controle, mas não está.
Então, imagina a verdadeira situação no Brasil, onde grande parte da população está simplesmente ignorando a presença do novo coronavírus.
“Eu estava no telefone com o diretor de uma casa de repouso outro dia e ele demonstrou estar claramente chateado. Um de seus moradores estava com COVID-19 e precisava ser hospitalizado, mas os serviços de emergência se recusaram a levá-lo – simplesmente não havia espaço no hospital.”
Esse diretor do qual Stephanie se refere não tinha condições de cuidar do idoso infectado na sua casa de repouso, mas o pessoal do serviço de emergência nada poderia fazer. Eles apenas sugeriram que as doses de morfina fossem aumentadas para que o idoso parasse de sentir dor e de sofrer.
Desde que a pandemia começou a se alastrar, uma equipe do Médicos Sem Fronteiras local visitou 48 casas de repouso em Bruxelas, orientando sobre prevenção e controle do coronavírus.
Aliás, um adendo: para quem pensava que o Médicos Sem Fronteiras fosse um programa criado pelo governo do Brasil, é importante saber que esta é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias.
Continuando, a equipe que estava visitando as casas de repouso em Bruxelas notou que muitas estavam passando por sérios problemas. Os idosos não estão totalmente isolados, pois os funcionários mantêm contato com pessoas de fora da casa e acabam contaminando os idosos.
“Minha equipe foi a um lar de idosos na semana passada, onde 20 moradores já haviam morrido por causa da COVID-19. Restavam 51 residentes e apenas quatro funcionários em todo o edifício — incluindo funcionários de limpeza, cozinha e enfermagem. Essas quatro pessoas estavam fazendo o melhor que podiam e estavam correndo de pessoa para pessoa e tentando manter tudo sob controle, mas, obviamente, estava um caos.
Havia bandejas empilhadas nos corredores e pessoas gritando pedindo atenção. Ao ouvir uma mulher pedindo ajuda em seu quarto, nosso promotor de saúde foi atendê-la e ajudou a levantá-la e a se vestir. Não havia mais ninguém para fazer isso.”, contou Stephanie.
A equipe do MSF sabia que essa situação não tinha chegado a este ponto de um dia para o outro. Tudo foi piorando quando as equipes das casas de repouso começaram a ficar defasadas, com profissionais doentes e impedidos de irem trabalhar.
Portanto, é por este motivo que as equipes das casas de repouso necessitam de mais atenção durante a pandemia e a quarentena. Eles precisam de orientação para protegerem a si mesmos e para cuidarem dos idosos da forma correta. E é para este tipo de serviço que o programa Médicos Sem Fronteiras existe e é tão importante.
Essas equipes de ajuda são compostas por profissionais que estão acostumados a lidar com situações extremas, falta de equipamentos adequados, gerenciamento, prevenção e controle de infecções.
Eles priorizam ajudar os mais vulneráveis, que neste caso são os idosos e seus lares. Então, é por isso que o trabalho deles é tão importante neste momento e deve ser defendido pela população.
Se você puder fazer algo para ajudar no controle da pandemia, lembre-se das casas de repouso, seus idosos e funcionários, que estão esquecidos e precisando muito de orientação e apoio.
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