Crescemos sendo ensinados que, um dia, vamos nos apaixonar por alguém e querer nos casar para formar uma família. Geralmente, esse alguém é uma pessoa só porque “o certo” é formar um casal. Mas, na realidade, muita gente sente que gostaria de namorar ou casar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Isso é poliamor.
O poliamor faz parte do ser humano
De acordo com Cláudio Paixão Anastácio de Paula, doutor em psicologia social pela USP e professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG, “Ao longo da história na humanidade, as pessoas sempre tiveram sexualidade, atração sexual e a capacidade de criar vínculos por outras. O poliamor é o reconhecimento, a constatação, hoje, de uma realidade que sempre existiu”.
Essa realidade pode ser vista em várias espécies do reino animal. Aliás, já se constatou que apenas 3% a 10% dos mamíferos formam laços para toda a vida. E estudos feitos com DNA mostram que esses laços não são sinônimo de monogamia sexual.
Um bom exemplo é dos chimpanzés, que têm 98% do mapa genético igual ao dos humanos. Os chimpanzés acasalam-se livremente e mostram um alto grau de competição entre machos.
Os testes de DNA demonstram que cerca de 60% dos filhotes desses animais é concebida por machos de outras comunidades.
Mas a diferença entre humanos e chimpanzés é que somos influenciados pelos sentimentos, e não apenas pela necessidade de reprodução.
Então, mais do que ter vontade de se relacionar sexualmente com outros humanos, além do seu parceiro “principal”, essa vontade é por prazer e não para reprodução, e junto com ela pode surgir a paixão, o amor e a vontade de viver com a pessoa, sem deixar o parceiro principal.
Para dar um exemplo, um estudo de 2017 analisou 3.530 poliamoristas e mostrou que, mesmo em relacionamentos poliamorosos, é possível que haja o parceiro principal da relação e o parceiro “secundário”.
A maioria dos entrevistados disse que ficava mais tempo com o parceiro principal, em média oito anos e quatro meses, com quem dividiam uma casa. Já os namoros à parte duravam cerca de dois anos e quatro meses, em média.
Diferença entre poliamor, poligamia e relacionamento aberto
Não é tudo a mesma coisa. No poliamor você mantém um relacionamento amoroso envolvendo mais de duas pessoas. Existe consentimento, ética e respeito entre todas as partes. São pessoas que se identificam como não-monogâmicas e se permitem a vivenciar esses laços amorosos múltiplos.
A poligamia é diferente do poliamor porque é unilateral. Isso significa que apenas uma pessoa é quem decide se casar com outras, independentemente de consentimento, e não há equidade nas relações. Por exemplo, um homem que tem duas esposas, mas elas não se relacionam entre si.
No caso do relacionamento aberto, seja em namoro ou casamento, ocorrem relações extraconjugais, mas não são consideradas traições, pois partem da premissa que reprimir desejos sexuais por outras pessoas pode gerar estresse entre o casal.
Veja também: Relacionamento aberto: quais as regras para ter sucesso
Artigo com informações de UOL Viva Bem