No começo da pandemia, a jornalista Patricia Almeida reuniu mais de 50 profissionais para darem vida ao projeto “Eu me Protejo”, que tem a finalidade de combater o abuso sexual infantil, por meio de cartilhas e vídeos lúdicos.
Tudo aconteceu de forma remota, respeitando as necessidades de isolamento social, mas com muita dedicação de profissionais da educação, comunicação, direito, medicina, psicologia e com o suporte de ativistas.
Como resultado, o projeto “Eu me Protejo” foi vencedor do prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, em 2020.
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Todas as crianças merecem aprender a se proteger
Agora, o próximo objetivo é que a cartilha do projeto seja distribuída, gratuitamente, em todas as escolas públicas do Brasil.
Em março de 2022, o projeto lançou uma petição on-line para que este objetivo se concretize, com a finalidade de evitar que novos crimes ocorram e se somem aos quase 180 mil casos de estupro com vítimas de até 19 anos registrados entre 2017 e 2020, segundo a Unicef.
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A ideia nasceu para proteger a família
O projeto “Eu me Protejo”, criado pela jornalista Patricia Almeida, surgiu para proteger sua filha mais nova, Amanda, que tem síndrome de Down. A preocupação da mãe não é em vão.
Segundo o Departamento de Justiça americano, as pessoas com deficiência intelectual são sete vezes mais atacadas sexualmente do que pessoas sem deficiência.
“Toda mãe de menina tem essa preocupação com o abuso sexual. Uma em cada quatro meninas e um em cada 13 meninos são atacados sexualmente até os 18 anos, e crianças com deficiência intelectual são ainda mais vulneráveis. É um mito achar que isso não pode acontecer na família de qualquer um. Nossa cartilha quer desmistificar esse assunto nas comunidades, por meio da linguagem fácil, tratando com respeito e leveza um assunto sério que pode impedir muitos atos de violência”, diz Patricia.
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O conteúdo das cartilhas contra abuso sexual
O “Eu me protejo” conta com duas cartilhas em linguagem simples e voltadas para crianças e adolescentes.
Uma delas (“Eu me protejo”) é focada diretamente na prevenção contra o abuso sexual. A outra (“Eu me protejo porque meu corpinho é meu”) é mais ampla e ideal para ser usada em escolas.
De acordo com Patricia, “As cartilhas falam das diferenças dos corpos, dos cuidados de saúde e de situações potenciais de risco e o que fazer em caso de necessidade. O objetivo é promover o autoconhecimento, a autoestima, a autoproteção e o respeito aos outros, prevenindo situações de violência”.
Todos os materiais podem ser baixados por meio do site www.eumeprotejo.com e têm também versões em espanhol, em inglês, em audiolivro no YouTube, em Libras e em formato de bolso.
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Fonte: O Globo