Apesar de ser normal se sentir deprimido às vezes, pessoas com depressão podem se sentir assim por semanas, meses ou anos a fio. A doença pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade e é bastante comum. Uma nova pesquisa aponta outro problema: pessoas deprimidas correm maior risco de derrames fatais, pois sofrem com os batimentos cardíacos irregulares.
Conheça o estudo
O estudo, que foi publicado no European Journal of Preventive Cardiology, traz as informações que os pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, investigaram. Os pesquisadores analisaram 785.254 pessoas que tomaram remédios estabilizadores do humor de 2000 a 2013, a partir do mês anterior ao início do tratamento.
Eles descobriram que os pacientes que faziam o uso do antidepressivo tinha um risco 3,18 vezes maior de fibrilação atrial, doença diretamente ligada ao derrame, durante o primeiro mês de tratamento. Antes de começar o tratamento, esse risco era ainda maior: 7,65 vezes.
Os pesquisadores colocaram os resultados do estudo de uma forma simples fazendo uma “conexão entre a mente e o coração”. Além disso, a associação entre arritmia e depressão diminuiu respectivamente para 1,37 vez entre o segundo e sexto mês de tratamento, 1,11 vez entre seis e 12 meses de tratamento.
Isso significa que, embora as pessoas deprimidas tenham maior probabilidade de sofrer com os batimentos cardíacos irregulares ou incomumente rápidos (problema chamado de fibrilação atrial), seu tratamento com medicação apropriada parece reduzir este sintoma.
O autor do estudo, Morten Fenger-Grøn, disse: “a depressão prediz o desenvolvimento de doença arterial coronariana e piora seu prognóstico. Nosso estudo investigou se a depressão também está relacionada com a fibrilação atrial. Isso sugere que a medicação antidepressiva em si não está associada ao desenvolvimento de fibrilação atrial. Se você está deprimido, não há razão para se preocupar que o tratamento medicamentoso cause fibrilação atrial”.
Na Dinamarca, não é comum entre os médicos prescrever antidepressivos na primeira consulta. A conversa inicial com um médico pode começar a aliviar os sintomas depressivos.
Um em cada quatro adultos de meia-idade na Europa e nos EUA desenvolveram frequência cardíaca irregular e acelerada. Estima-se que em 2030 haverá entre 14 e 17 milhões de pacientes com fibrilação atrial na União Europeia, com 120 mil a 215 mil novos diagnósticos a cada ano. Dentre os sintomas da fibrilação atrial, palpitações, falta de ar, cansaço, dor no peito e tontura são os mais comuns.
Estudos anteriores encontraram associações entre depressão e maior mortalidade em pacientes que têm batimentos cardíacos irregulares. Os antidepressivos têm sido associados a alguns distúrbios sérios, mas raros, do ritmo cardíaco, levando à questão de se eles também podem aumentar o risco de fibrilação atrial.
Sobre isso, Fenger-Grøn afirma que “começar a usar antidepressivos foi associado a um risco três vezes maior de fibrilação atrial. A diminuição com o tempo pode sugerir que o tratamento pode aliviar esse risco. A mensagem para os pacientes que já têm fibrilação atrial é que você não precisa se preocupar em tomar medicação antidepressiva se não precisar. Cuide de sua saúde mental, porque nosso estudo apoia a evidência existente de que problemas com a mente podem ser prejudiciais para o coração”.