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O que faz os japoneses devolverem tudo o que não é deles?

Honestidade? Medo? Educação? Entenda quais são os motivos para eles entreguem tudo o que encontram na rua

Crédito: Freepik

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Os japoneses são conhecidos pela sua honestidade e respeito. Tanto que o índice de retorno de objetos perdidos é realmente elevado. Mas o que leva essa população a agir dessa forma? Entenda quais são os detalhes que fazem a diferença.

Japoneses devolvem grande parte do que encontram

De acordo com a BBC, se há um lugar no mundo onde é mais tranquilo perder a carteira, esse lugar é o Japão. Isso porque entre os itens perdidos em 2018, mais de 545 mil documentos de identificação foram devolvidos a seus proprietários (73%). Da mesma forma, 130 mil telefones celulares (83%) e 240 mil carteiras (65%) voltaram aos seus donos.

E o mais interessante é que isso acontece, geralmente, no mesmo dia em que o objeto é perdido. Uma prova de que alguma coisa está realmente funcionando no país. Enquanto em outros países, como o Brasil, é um herói aqueles que devolvem carteiras cheias de dinheiro, para eles é normal.

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Por que isso acontece

Na realidade, para que esse comportamento aconteça, são necessários alguns pontos importantes. E tudo está no próprio cerne do processo de educação, estrutura e sistema de valores da população. Veja quais são os pontos mais importantes.

Kōban

Toda vez que alguém encontra um item perdido, tem que levar para o kōban mais próximo. Eles são como uma pequena delegacia de polícia, estando espalhados por todo o país. Para você ter uma ideia, somente em Tóquio é possível encontrar 97 delegacias a cada 100 km². Londres, por exemplo, possui 11 delegacias na mesma medida territorial.

Apesar da quantidade de delegacias intimidar um pouco quem não entende o sistema, essa é uma coisa boa. Os policiais que atuam nelas são verdadeiros parceiros da comunidade onde estão inseridos. Como a criminalidade é reduzida, o trabalho deles – na maior parte do tempo – é de ligar para idosos para ver se estão bem e também fazer atividades educativas.

Os kōbans tratam a questão da coleta e entrega de bens perdidos, preenchendo uma ficha de entrada para qualquer item. E quando se fala qualquer, é isso literalmente. Se uma criança encontra uma moeda na rua, ela não fica para si. Na realidade, leva para a delegacia e faz o registro de entrada.

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Porém, já é comum que os próprios policiais entreguem essas moedas para elas de volta, já que não será possível registrar quem perdeu. Consequentemente, acaba reforçando o ato com os pequenos, já contribuindo para o hábito de devolver. O mesmo se aplica com outros perdidos similares.

Educação e valores

O respeito e retidão são a base da sociedade japonesa. Além disso, eles têm um pensamento mais coletivista, fazendo com que realmente procurem pensar sob a perspectiva do outro. Nesse caso, na de quem perdeu a carteira ou celular. Veja alguns comentários ilustrados na entrevista realizada pela BBC:

“Isso é algo que eu acredito que está incutido em nós. Existe uma beleza em fazer algo pelo outro. Quando alguém entrega um objeto à polícia, não está tentando obter algo em troca. E se a pessoa estiver com problemas ou precisar desta coisa?”.

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Além dessa visão empática, há também a sensação de pertencimento a um grupo, que para os japoneses é essencial:

“Ser expulso do grupo ao qual você pertence seria o trauma mais significativo para a saúde mental. É tão importante pertencer a algum grupo de alguma forma. Fazer uma boa ação, devolver uma carteira; você sente que, no futuro, alguém fará o mesmo”.

Interessante, não é? Apesar de todos os problemas que o país pode apresentar, há muita coisa boa e também o que se aprender. Então, se há algum país no qual você pode ficar em paz se perder a carteira, esse é o Japão – de forma genérica. Um exemplo a se aprender e reproduzir em países onde a lei do jeitinho e do mais esperto reina.

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