Os primeiros casos da nova hepatite surgiram no Reino Unido e foram se espalhando pela Europa. Motivo o bastante para que a Organização Mundial de Saúde emitisse um alerta para o mundo.
A situação é nova, por isso, ainda não há muita informação detalhada sobre os casos, a rapidez de contágio e diferenças para as hepatites que já conhecemos. Mas, dos casos atuais, um em cada dez pacientes precisam de transplante do fígado.
Até o dia 21 de abril de 2022 foram registrados 158 casos de crianças afetadas em dez países europeus, mais 9 casos nos Estados Unidos e 12 em Israel.
Veja também: O que é hepatite? Conheça os tipos, sintomas e transmissão
Nova doença deve colocar o Brasil em alerta
Embora os casos repentinos de uma nova hepatite ainda não tenham sido registrados no Brasil, sabemos, pela pandemia da Covid-19, que doenças contagiosas se espalham rápido.
Então, o alerta da OMS, emitido no dia 23 de abril de 2022, serve para o mundo todo ficar atento a esta “hepatite aguda de etiologia desconhecida” para a qual “as investigações estão em andamento para o agente causador”, diz nota da OMS.
Para a Organização Mundial de Saúde, essa nova hepatite seria uma infecção causada pelo adenovírus do tipo 41.
“O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. Embora existam relatos de casos de hepatite em crianças imunocomprometidas com infecção por adenovírus, o adenovírus tipo 41 não é conhecido como causa de hepatite em crianças saudáveis”, diz o comunicado.
De acordo com Marcelo Simão, professor da Universidade Federal de Uberlândia e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia:
“Isso preocupa muito, porque a doença está se espalhando rapidamente. Estamos presumindo que o número de casos vai aumentar, ainda mais agora com as viagens em alta com a pandemia mais controlada. É grande a possibilidade de chegar no Brasil”.
Aproveite e veja: 7 sintomas de que o fígado está sobrecarregado
O risco de hepatite fulminante
Conforme explicou, em entrevista para UOL, o professor e hepatologista do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, José Milton de Castro Lima, essa hepatite ainda é misteriosa porque não se enquadra em nenhum dos cinco tipos conhecidos pela medicina. “Nós temos vírus que são conhecidos, chamados de hepatotrópicos. Eles produzem hepatites A, B, C, D e E. Esses casos notificados não preenchem nenhum dos requisitos”, explica.
De acordo com o professor, esse novo tipo de hepatite já fez 17 pacientes precisarem de transplante urgente de fígado, e isso é uma característica da rara hepatite fulminante.
“Ela ocorre quando a agressão é tão grande que a pessoa começa a ter dificuldade ou perde a capacidade de produzir as substâncias [produzidas pelo fígado] necessárias para coagulação. E aí vem a encefalopatia, que dá confusão mental, a pessoa começa a se urinar. Você tem substâncias produzidas no sangue, a maioria no fígado, ele pode desenvolver uma coagulação muito grande, morrer de sangramento.”
Por isso, a OMS recomenda a todos os países que os pacientes passem por exames de sangue, soro, urina, fezes e amostras respiratórias, bem como amostras de biópsia hepática (quando disponíveis), com caracterização adicional do vírus, incluindo sequenciamento.
Veja também: Doação de órgãos: saiba como ser um doador e salvar vidas
Fonte: UOL