Uma vida de muitas provações, dificuldades, violência doméstica e acima de tudo superação. Estamos falando de Sandra Maria de Andrade, que com 13 anos foi deixada com a avó que, depois, a abandonou com um casal que não permitiu que a menina frequentasse a escola. Teve uma vida dura trabalhando na plantação até que fugiu e acabou comendo restos de comida que conseguia nas latas de lixo.
Acabou indo viver com um homem violento que batia nela com frequência, até que depois de uma das agressões onde foi esfaqueada e teve seus cabelos arrancados, ela o abandonou e partiu com seus três filhos.
Mas seu filho Damião de 7 anos, fruto de um segundo casamento, trouxe uma bela novidade para sua vida e sendo seu grande incentivador no mundo das letras, quando começou a ler para mãe. Mais tarde ele passou a ensinar o alfabeto e desenvolveu uma técnica para tirar as dúvidas de Sandra. Na hora de ensinar a letra h, por exemplo, disse que era para a mãe lembrar de uma cadeira e que o B era um R fechadinho.
Orgulhosa, ela conta que não sente mais vergonha quando chega nos lugares e pedem para que ela assine algum papel. No período de um ano, Sandra leu incríveis 107 livros, seu preferido é “Ninguém nasce genial”, de Sérgio Vieira Brandão. Segundo o Ibope, o número médio de leitura de um brasileiro são 4 livros anualmente.
Para seu filho, o livro que representa a vida dos dois é um sobre a história de um anjo preso que só consegue a liberdade quando ensina um homem a rezar e assim nasce uma amizade entre eles. Segundo Damião, foi assim que começou a linda história de amor e amizade de mãe e filho, um ensinando o outro, um cuidando do outro.
Um levantamento das UNESCO mostra que existem 759 milhões de pessoas no mundo que não sabem ler e nem escrever.