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Mulher agredida entrega bilhete de socorro junto com documentos de matrícula do filho

Essa era a última chance que a vítima tinha de conseguir ajuda, pois era mantida presa em casa, sem contato com ninguém

Crédito: Freepik

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O caso é clássico: o relacionamento começou muito bem, o marido era amoroso e cuidava da mulher e do filho com carinho. De repente, começou a ter crises de ciúmes e a ficar violento. A situação perdurou por anos, pois é muito difícil sair de um relacionamento abusivo, e só a mulher que passa por isso sabe como é.

Nesse caso, que aconteceu em Maceió, uma mulher de 28 anos resolveu fazer uma última tentativa de salvar sua vida e do filho. Quando saiu para fazer a matrícula dele na escola, colocou um bilhete de socorro no meio dos documentos.

Crédito: Reprodução

“Por favor, me ajude. Estou sendo espancada. Não posso falar. Estou com hematomas na perna e meu filho foi seriamente sofrido por psicológico. Ele me bateu com o facão. Me ajude, ele não me deixa falar, me ameaça toda hora. Não consigo mais ficar calada, eu me cansei. Não me ignore”, dizia o bilhete.

No caminho até a escola, o agressor estava junto, pois impedia que a mulher e o filho ficassem sozinhos. Quando ele saía para trabalhar, trancava ela em casa. Durante o percurso, que foram cerca de 15km, ele não a deixou em paz. Dava beliscões, apertava o braço dela e fazia ameaças de morte. Era a última chance de pedir ajuda.

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“Pedi a Deus que me ajudasse a encontrar uma forma e escrevi no papel. Era a única chance de sair daquela situação, de sobreviver, porque ele disse que ia me matar. Eu disse que precisava fazer a matrícula do meu filho naquele dia, e ele me acompanhou, foi o caminho todo me agredindo, e eu pedindo forças porque não aguentava mais aquilo”, lembra.

Quando chegaram à escola, o marido fingiu que nada estava acontecendo, como é típico. A mulher então tomou coragem e entregou o bilhete junto com os documentos, com muito medo de não ser ajudada.

“Entreguei os papeis e o bilhete juntos à secretaria da escola. Ela leu, não disse nada e saiu. Eu estava angustiada e meu filho, com muito medo. Ficamos sentados aguardando a moça voltar, e quando vi já foi a polícia chegando e prendendo ele. Me senti aliviada”, contou a mulher.

Para a sorte da vítima, a servidora que recebeu os documentos agiu prontamente. Ela leu o bilhete, se levantou e pediu que a família esperasse. Foi até a sala da direção e chamou a equipe da Polícia Militar do Batalhão de Polícia Escolar, que fazia ronda ali. O agressor foi preso em flagrante e levado para a Central de Flagrantes da PC-AL (Polícia Civil de Alagoas).

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“Eu não tinha alternativa, ele não me deixava sozinha e quebrou meu telefone. Ou me ajudavam ali na escola ou não sei o que seria de mim e do meu filho quando voltássemos. Nenhuma mulher merece passar o que sofri. Se você está nessa situação, denuncie,” alertou.

Houve uma audiência de custódia, e o agressor foi preso em uma unidade de Alagoas. De acordo com a polícia, na audiência o juiz considerou o relato da vítima suficiente para que a prisão em flagrante fosse revertida em prisão preventiva.

“Meu filho via tudo, estamos traumatizamos, mas aliviados que ele foi preso. Tenho medo do que possa acontecer quando ele sair da prisão. Quero Justiça, pois nenhuma mulher merece sofrer o que passei”, afirmou.

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Apesar de sofrer violência doméstica há anos, foi na última semana que a situação piorou. A mulher contou que foi espancada e torturada psicologicamente por horas. Em uma das agressões ela ameaçou chamar a polícia, e foi quando o agressor quebrou seu celular. Ela não tinha mais contato com ninguém, pois vivia presa em casa.

“Foram anos nesse sofrimento. Agora, quero trabalhar, estudar, ver meu filho crescer em uma casa sem violência. Já estamos nesta paz. Espero que quando ele se solte do presídio fique bem longe da gente.”

O próximo passo agora é ir até a Delegacia da Mulher 2 para os procedimentos burocráticos de investigação, como prestar depoimento, levar testemunhas de acusação para serem ouvidas, para o inquérito ser finalizado e remetido à Justiça.

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Mulheres vítimas de violência em Maceió têm onde pedir ajuda

Em janeiro, o Tribunal de Justiça de Alagoas fundou a Casa da Mulher Alagoana Nise da Silveira, que fica na praça Sinimbu, no centro da cidade, para atender mulheres vítimas de violência doméstica.

O espaço conta com um alojamento temporário, salas de atendimento psicossocial, brinquedoteca e centro de mediação e conciliação. Por causa da pandemia, o espaço ainda não está funcionando por completo, mas é possível obter mais informações pelo telefone (82) 98833-2914.

Veja também: X vermelho na mão: uma ideia que pode salvar mulheres da violência doméstica

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