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Muita birra pode ser sinal de transtorno na criança?

O Transtorno Opositivo-Desafiador é uma birra exagerada e exaustiva que se prolonga além da idade normal para esse tipo de comportamento

Crédito: Freepik

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Praticamente todos os pais já tiveram ou terão que lidar com a birra das crianças. Quando os pequenos se sentem frustrados, muito cansados ou não recebem a atenção que desejam, a birra é a forma que encontram para expressar seu descontentamento.

Mas existe um limite entre a birra comum e a birra com uma agressividade desproporcional ao tamanho do problema. Nesse caso, pode ser considerada a possibilidade de TOD – Transtorno Opositivo-Desafiador. Veja quais são as características desse transtorno e o que fazer para ajudar seu filho.

O que é Transtorno Opositivo-Desafiador?

De acordo com a psicopedagoga Luciana Brites e o neurologista infantil Clay Brites, autores do livro Crianças Desafiadoras e fundadores do Instituto NeuroSaber, “a criança com TOD não consegue elaborar bem situações em que é contrariada e o quadro não se modifica com o tempo, como ocorre com a birra – ele tende a piorar. São necessárias medidas preventivas, psicoterápicas e medicamentosas”.

O TOD começou a ser relatado por volta de 1980, mas os estudos mais aprofundados são recentes, e, por isso, ainda há muito o que se estudar para facilitar diagnósticos e tratamentos o mais cedo possível, evitando conflitos futuros na vida da criança e sua relação com a família. Afinal, se trata de uma birra muito mais intensa e cansativa de lidar.

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Diferenças entre birra e TOD

A birra é um comportamento esperado nas crianças de 8 meses a 2 ou 3 anos. A criança apresenta um comportamento irritado, choroso, de autoagressão, pode jogar objetos e jogar o próprio corpo no chão.

É um extravaso à frustração, pois o cérebro da criança não está maduro, ainda, para lidar com o “não”. Na verdade, a birra é uma etapa comum do desenvolvimento e construção da linguagem.

Já no caso do Transtorno Opositivo-Desafiador, os mesmo sintomas da birra acontecem, mas a criança não se acalma quando o adulto intervém buscando conversar ou distrair sua atenção para se acalmar. Pelo contrário, parece que fica pior. É como se o cérebro tivesse uma reação exagerada da birra, mais desafiadora, chegando a desestabilizar a família e outras pessoas do convívio.

Crianças com TOD podem apresentar crises de birra até os 8 ou 9 anos, idade em que as outras crianças já não têm mais esse comportamento. O transtorno leva a xingamentos, chantagem emocional, quebra de objetos para irritar os adultos e outras atitudes que trazem desgaste emocional à família.

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O que causa o TOD?

De acordo com o médico Clay Brites, “há fatores genéticos e do ambiente, como quando a criança não tem uma rotina de disciplina ou que não foi ensinada a se frustrar. Há quatro tipos de pais: os negligentes, os permissivos e os autoritários, que não dão suporte emocional para as crianças, e os autoritativos, que conseguem equilibrar, na hora de dar um comando, a compreensão do sofrimento da crianças e as formas de dar disciplina e limites sem humilhar nem ser permissivo”.

Os três primeiros tipos de pais mencionados são extremistas. Então, se o filho tem predisposição ao TOD, eles acabam piorando a situação. Essa predisposição quer dizer que, em muitos casos, o TOD vai surgir junto com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, Autismo ou Transtorno Bipolar, por exemplo.

Diagnóstico e tratamento

Mais informações sobre o diagnóstico do TOD vieram apenas em 2013, com a publicação da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Portanto, o diagnóstico precisa ser feito por um profissional especializado em saúde mental infantil, após avaliação criteriosa do paciente.

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Como explica Clay Brites, “as pesquisas indicam que o cérebro de quem tem TOD apresenta uma instabilidade nas áreas de autorregulação emocional para cumprir atividades que não são do seu desejo e o indivíduo acaba tendo desequilíbrios, levando a comportamento disruptivo”.

Quando os pais buscam ajuda médica para lidar com a birra exagerada do filho, geralmente já estão exaustos e não conseguem retomar o controle da educação da criança. Então, é necessário intervir com medicamentos à criança para dar tempo aos pais de retomarem sua autoridade com o equilíbrio emocional necessário.

A função da medicação é ajudar a melhorar a flexibilidade emocional da criança diante das primeiras intervenções comportamentais que forem feitas pelos pais e pelo médico, durante as sessões de psicoterapia.

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Além disso, os pais serão orientados a como lidar com as crises da criança com TOD para favorecer o tratamento médico e trazer bons resultados. De acordo com Clay Brites, a função dos pais é a seguinte:

“Na hora da crise de raiva, os pais não devem conversar nem discutir, porque a criança está impermeável a qualquer palavra que é dita a ela. Tem de dar tempo para ela se acalmar. Respeitar o tempo para se decepcionar e ter raiva e manter o que foi ordenado. Com isso, ela vai vendo que não adianta ter as reações explosivas. Com isso, vai ver que as crises de raiva não vão ter resultado. Como a pessoa com TOD tende a ter essas atitudes difíceis, os pais têm de falar a mesma língua. Se um fala não, o resto da família também precisa falar não. É importante não florear argumentos. Tem de ser direto, objetivo, claro e sem dar espaço para contra-argumentações opositoras”.

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