Antes de você pensar que é absurdo, calma! O movimento antitrabalho não é sobre deixarmos todos de trabalhar. A questão é: realmente precisamos trabalhar mais do que nossa saúde mental aguenta, para bancarmos coisas das quais não precisamos para sermos felizes?
Claro, boa parte das pessoas trabalha demais para ter menos do que necessita. É a desigualdade social que sempre existiu. E existe também um grande grupo que já tem o que precisa, no entanto, sacrifica o bem-estar de uma vida tranquila para ter mais.
Essa ideia é incutida na mente dessas pessoas desde muito cedo, por vários motivos. Com isso, elas se veem aceitando propostas de trabalho que não as valorizam nem respeitam. Carga horária abusiva, excesso de responsabilidades, um emprego que não tem propósito e não faz feliz. Pra quê?
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O movimento antitrabalho cresceu na pandemia
Essas condições de trabalho mencionadas já existiam antes da pandemia e continuam a existir. Mas, nos últimos dois anos, piorou. Além de toda a pressão que já sentiam, muitas pessoas tiveram que trabalhar em condições ainda mais desafiadoras durante a pandemia.
Muitos que tiveram que trabalhar em casa se viram incapazes de se concentrarem no mesmo ambiente que os familiares, pois é difícil separar uma coisa da outra. Mais difícil ainda quando não tem outra pessoa para dividir todas as tarefas.
Outros tiveram que cobrir horários de trabalho de colegas que se ausentaram por causa da covid-19, sem falar nos pequenos empresários que viram seus esforços e sonhos serem colocados à prova.
Todas essas incertezas fez com que muitas pessoas repensassem sua atual situação profissional e partissem em busca de novos horizontes, onde seu trabalho fizesse algum sentido, tivesse um propósito pelo qual vale a pena investir. Mas, o antitrabalho vai além.
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Questionamentos se aprofundam sobre a necessidade do trabalho
Os apoiadores do movimento antitrabalho acreditam que as pessoas deveriam organizar-se e trabalhar apenas o necessário, em vez de trabalhar demais para gerar excesso de bens ou capital.
Essa comunidade antitrabalho está baseada no Reddit, uma rede social dos Estados Unidos, e se chama “r/antiwork”, que conta com 1,7 milhão de assinantes, sendo que tinha apenas 100 mil até março de 2020. É um claro sinal de que a pandemia trouxe mudanças na forma de pensar sobre a vida profissional.
“Com a covid, houve uma interrupção do trabalho como o conhecemos”, afirma Tom Juravich, professor de estudos trabalhistas da Universidade de Massachusetts em Amherst, nos Estados Unidos. “Em momentos como esse, as pessoas têm tempo para refletir. O trabalho se degradou para muitas pessoas. Nossas estruturas de autoridade tornaram-se mais draconianas e controladoras do que nunca. As pessoas realmente sentiram isso de uma nova maneira.”
Atualmente, a comunidade contém uma mescla de narrativas pessoais sobre pedidos de demissão, criação de mudanças em locais de trabalho hostis, defesa de greves trabalhistas em andamento, organização trabalhista e formas que as pessoas podem buscar para advogar em causa própria.
Repensar leva à mudança
Essa comunidade antitrabalho traz uma linha de pensamento que todos nós deveríamos ter, pois vivemos em uma sociedade que coloca o dinheiro acima de tudo. Claro, é difícil não ser assim, pois a maioria de nós cresceu com pensamento consumista, mesmo não tendo condições de consumir.
De qualquer maneira, fica aqui a proposta de refletir sobre como está a sua saúde mental hoje. Se você acha que poderia estar melhor, quanto o seu trabalho é responsável pelo estresse ou insatisfação que você sente? O que você pode fazer para buscar mais equilíbrio entre a necessidade de dinheiro e de preservar sua saúde e ter tempo de viver a vida?
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Artigo com informações de UOL Economia