Uma pessoa honesta faz o que é certo mesmo quando poderia fazer diferente sem sofrer consequências. O caso do mototaxista Emmanuel Tuloe, da Libéria (África Ocidental), é um bom exemplo. Ele não hesitou em devolver os US$ 50 mil que encontrou embrulhados em um saco plástico na beira da estrada.
A quantia de dinheiro era uma mistura de dólares e notas liberianas. Ao ver o conteúdo dentro do saco, muitas pessoas pensariam que “achado não é roubado, quem perdeu foi descuidado”.
Mas, mesmo não vendo identificação alguma, Emmanuel levou o pacote para a casa da tia e pediu para que ela guardasse até que o dono aparecesse e eles pudessem devolver.
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Longe da escola, mas com um caráter admirável
Quando decidiu que o dinheiro encontrado deveria ser guardado até que pudesse devolver, Emmanuel nem imaginou receber algo em troca. Claro, se a pessoa quisesse oferecer alguma recompensa, a necessidade poderia fazê-lo aceitar.
Emmanuel é um jovem de 19 anos que, há uma década, havia abandonado o ensino fundamental. De origem rural pobre, ele deixou a escola aos 9 anos de idade – quando seu pai faleceu – para trabalhar e ajudar sua tia, que o acolheu.
Alguns anos depois ele passou a trabalhar como mototaxista e foi nesse trabalho, em 2021, que ele encontrou o saco de dinheiro. Quando o legítimo dono pediu ajuda pela rádio nacional para encontrar o dinheiro, Emmanuel apareceu para devolver.
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Devolver o dinheiro rendeu muito mais para Emmanuel
A atitude honesta de Emmanuel em devolver o dinheiro ao dono lhe rendeu muitas gratificações. Aliás, muito mais do que se tivesse ficado com o dinheiro para si.
O presidente George Weah deu a ele US$ 10 mil e o dono de um meio de comunicação local também doou dinheiro para o jovem.
O dono do dinheiro que Emmanuel encontrou doou US$ 1.500 em mercadorias. E, talvez de forma mais significativa, uma universidade nos Estados Unidos ofereceu ao jovem uma bolsa integral assim que ele terminar o ensino médio.
Enquanto isso, ele realiza mais um desejo: voltar a estudar. Mesmo aos 19 anos, Emmanuel vai para a classe que parou, com os alunos mais novos.
O jovem está estudando no Instituto Ricks, criado há 135 anos para a elite da sociedade liberiana, que descende dos escravizados libertos que fundaram o país africano.
“Estou confortável na escola. Não porque Ricks tem um nome com tanto prestígio, mas por causa das disciplinas acadêmicas e morais”, disse Emmanuel.
Para o futuro, depois que se formar na escola aos 25 anos, ele quer fazer faculdade de contabilidade “para se preparar para ajudar a orientar o bom uso do dinheiro do país”.
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Fonte: UOL Notícias