O leite materno é o alimento mais completo que existe para um bebê. Tanto que, até os seis meses de vida, a criança só deve ser alimentada com o leite da mãe e mais nada, nem mesmo água.
Uma das provas disso é que um estudo descobriu que existe um lipídeo (molécula de gordura) no leite materno capaz de estimular as células-tronco a gerar novas células que produzem a chamada “substância branca” do cérebro.
Em bebês que desenvolvem a paralisia cerebral, essas substâncias brancas estão danificadas. Elas são fibras nervosas profundas, por isso, a sua perda leva a déficits neurológicos que, até então, eram irreversíveis.
A molécula gordurosa do leite materno capaz de produzir mais substância branca foi encontrada por pesquisadores da Duke Health durante estudos com camundongos recém-nascidos.
Eles viram que essa molécula gordurosa presente no leite materno desencadeia um processo no qual células-tronco no cérebro produzem células que criam nova substância branca, revertendo a paralisia cerebral.
Ainda é necessário continua os estudos em um ensaio clínico, mas, a descoberta é muito importante.
“Desenvolver terapias para crianças – especialmente crianças clinicamente frágeis – é muito difícil de fazer porque há preocupações de segurança justificadamente estritas. O fato de essa molécula já ser encontrada em algo seguro para bebês prematuros – o leite materno – é extremamente animador”, disse Eric Benner, autor correspondente do estudo e professor assistente do Departamento de Pediatria na Escola de Medicina da Universidade Duke.
“Sabe-se que as gorduras do leite materno beneficiam o desenvolvimento do cérebro da criança, mas existem muitos tipos de gorduras no leite materno”, disse Benner.
“Este trabalho identificou uma molécula lipídica no leite materno que promove o desenvolvimento da substância branca. Agora, podemos começar a desenvolver uma terapia que isola e entrega esse lipídio de maneira segura para os desafios únicos desses bebês”.
Ou seja, mais um passo importante será dado na medicina, com a cura da paralisia cerebral em bebês. Só resta esperar que os estudos continuem para que essa solução chegue aos pacientes em um futuro próximo. A ideia dos pesquisadores é levar esse novo tratamento do laboratório para a unidade de terapia intensiva neonatal.
Quando for feito um próximo ensaio clínico, a molécula gordurosa identificada no estudo será administrada por via intravenosa em bebês.
Essa forma de aplicação é ótima porque muitos dos bebês com paralisia cerebral também têm problemas gastrointestinais e não podem receber leite ou medicamentos por via oral.
A partir do momento em que a molécula lipídica é administrada e entra no cérebro, ela se liga às células-tronco, encorajando-as a se tornarem ou produzirem um tipo de célula chamada oligodendrócitos.
Os oligodendrócitos são como um centro que permite a produção de substância branca no sistema nervoso central, prevenindo ou reduzindo a paralisia cerebral.
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