A educação no Brasil é deficitária em relação a outros países em desenvolvimento, ficando muito aquém do necessário para prover uma base sustentável para a formação de futuros profissionais e cidadãos. Pagar por escolas particulares acaba sendo a saída encontrada por muitos pais, mas essa decisão está pesando cada vez mais no bolso. Em 10 anos, a mensalidade da pré-escola aumentou quase 150%.
A educação no Brasil
Em um estudo realizado pelo Ministério da Educação através do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), observou-se que as escolas particulares têm reduzido a sua qualidade, apesar o aumento dos preços.
Nesse gráfico do jornal Folha de S. Paulo, a linha azul representa a queda no desempenho das escolas particulares, entre 2011 e 2015. Esses números levam ao questionamento do porquê de se ter aumentos tão altos nas mensalidades, já que, pelo visto, os investimentos em melhoria não estão acontecendo ou sendo efetivos.
O Ideb busca comparar as escolas em escala nacional, porém o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), tem uma abrangência mundial. Esse índice compara a educação em 70 países. O Brasil está na 65ª posição de 70 países avaliados.
O pior rendimento dos alunos brasileiros está nas áreas de ciências, leitura e matemática, comprovando que a educação está realmente muito abaixo do esperado de um país com tantas riquezas.
Mensalidade da pré-escola sobe mais que da pós-graduação
De acordo com um levantamento realizado pela equipe jornalística do site Uol, o preço da mensalidade da educação infantil subiu 149,27% nos últimos 10 anos, como você pode observar no gráfico:
A educação começa de muito cedo, desde a pré-escola, criando raízes sólidas para os melhores resultados no ensino fundamental. Ela é, sem sombra de dúvidas, importante para a formação da criança como indivíduo, pesquisador, estudante e cidadão.
Sem a formação na base, fica complicado manter bons rendimentos nos estágios seguintes, pois é na base que se estimula a criatividade, a vontade de explorar e conhecer mais, a ler materiais de qualidade, a aprender a estudar e não somente realizar tarefas obrigatórias.
E faltam recursos para a escola particular? A revista Exame procurou saber quanto custa estudar nas 10 escolas particulares com melhor nota no Enem. Em 2016, no ensino médio, esse valor variava entre R$ 900 e R$ 2.700 por mês.
Então, se há recursos, por que os resultados das escolas particulares no Pisa não são comparáveis aos de países desenvolvidos ou somente um pouquinho melhores? Muitos estudos apontam caminhos e discussões, mas o foco aqui é outro: por que a mensalidade na pré-escola aumentou o dobro do que nas pós-graduações, se os resultados não são satisfatórios?
Aumento da mensalidade em Pré-escola x Pós-graduação
Poder proporcionar ao seu filho um ambiente seguro e com uma metodologia adequada aos seus valores familiares é importante para o crescimento intelectual, motor e social, mas a que custo? Se você for comparar com 2009, o aumento da mensalidade chegou superou os 149%.
Para você ter uma ideia, a pós-graduação subiu 71%, no mesmo período, tendo porém uma oferta de cursos muito maior. O problema é que a qualidade é também questionável.
No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são menos desenvolvidas economicamente, bem como apresentam menores índices gerais em resultados na educação, inovação e afins. Como se pode observar no infográfico desenvolvido pela Revista Galileu, a maior parte dos cursos de pós-graduação, como mestrados e doutorados, encontra-se nas regiões Sul e Sudeste do país, as mais desenvolvidas.
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Causas do aumento
E o que leva as escolas particulares a aumentarem tanto o preço? Talvez a falta de opção de escolas públicas que possam ser escolhidas por aqueles que tem condições de direcionar recursos familiares para a educação. Se houvesse educação pública digna, segura e de qualidade, certamente as escolas particulares estariam perdidas.
Alguns pontos podem ser apresentados como fatores determinantes para a manutenção das escolas particulares:
- Segurança: deixar seu filho em uma escola pública, infelizmente, já não é tão seguro;
- Qualidade: por mais que fique muito aquém dos resultados internacionais, dentro do país ainda tem resultados melhores que a pública;
- Estrutura: muitas escolas públicas não têm nem cadeiras para todos os alunos, quiçá materiais para o desenvolvimento;
- Número de vagas: o país ainda tem poucas escolas públicas em relação à demanda. As vagas são disputadas e não há excedente;
- Atividades: práticas extracurriculares (muitas vezes cobradas à parte) são um diferencial em escolas privadas, como idiomas e esportes.
Então poderia simplesmente trocar de escola particular para outra que aumentasse menos a mensalidade, certo? Complicado também, pois a troca de escola – principalmente na educação infantil – está relacionada a criar novos laços, sejam as crianças entre si ou os pais com os educadores, fazendo com que se repense a ideia de mudança.
Outro fator é o fato de que é extremamente perigoso deixar uma criança ir sozinha à escola, devendo então a residência ficar próxima, para evitar os imensos engarrafamentos em horários de pico, como os de entrada e saída da aula.
Então o que fazer? Cabe aos pais se unirem e buscarem reivindicar um limite nos aumentos anuais, sempre com equilíbrio, pois a inflação do país está presente na sua rotina financeira. Um dos caminhos é visitar o site Proteste e argumentar pelos seus direitos.