Quantas vezes você encontrou uma notinha perdida no bolso e comemorou? Ou aquela nota de R$ 10 no chão, sem ninguém em volta? Agora, imagine como se sentiria se encontrasse R$ 12 mil em um prédio abandonado há tempos. O que você faria com o dinheiro?
Foi o que aconteceu com os meninos de Santa Rosa de Goiás, a 80 km de Goiânia. Ao entrar em um local abandonado há tempos, encontraram um saco de arroz com diversas notas. Ao todo, dava mais de R$ 12 mil, que foram entregues integralmente para a polícia.
Entenda o que houve
A cidadezinha tem cerca de três mil habitantes e fica na região mais central do estado. Os protagonistas são Luiz Augusto Araújo (16 anos), Bruno Feliciano da Silva Santos (13 anos), Gabriel Valentim de Souza (13 anos) e Marco Antônio de Araújo (12 anos).
Terminadas as aulas, esses quatro amigos foram para seu lugar especial: uma área abandonada, que já havia sido uma creche e dava para jogar bola antes do horário da tarefa. Claro que, como em toda boa partida, alguém tem que errar na força do chute e acertar alguma casa por perto.
Nesse caso, a bola foi parar no antigo refeitório da creche, também abandonado. É uma pequena estrutura, com apenas uma porta e uma janela quebrada e sem funcionar. O prédio estava desocupado por um longo prazo, tanto que já tinha sido moradia de um catador de recicláveis idoso, que falecera há algum tempo.
Os meninos entraram e foram buscar a bola, juntos, em um ato de coragem extrema. Foi então que um deles percebeu um pedaço de plástico saindo da pia da cozinha. Eles puxaram e encontraram um fundo falso. Dentro, um grande saco de arroz repleto de dinheiro. No momento eles ficaram animados e perplexos.
Foram logo colocando o dinheiro nos bolsos e comemorando, já fazendo planos para comprar videogame, celular, bicicleta e uma bola nova. São crianças de famílias muito humildes, que não têm como arcar com esses luxos. Porém eles pararam e pensaram se era realmente o melhor a se fazer.
Depois de conversarem, decidiram que não era correto e que teriam que levar para a polícia, pois poderia pertencer a alguém. Foi então que se dirigiram à delegacia local e entregaram todo o dinheiro para o sargento José Gracia Neto, da Polícia Militar. Depois de todo o processo burocrático, eles depositaram o dinheiro em juízo, até encontrar a família do idoso.
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Como os pais reagiram
Em resumo, os pais ficaram muito orgulhosos dos seus filhos, pois demonstraram caráter e dignidade, entregando o dinheiro, mesmo que quisessem gastar com coisas, que possivelmente não poderão comprar tão cedo.
A mãe de Bruno, Natalícia Maria dos Santos, disse que ele chegou em casa já falando que eles deveriam ir até a delegacia. A mãe ficou muito assustada e exigiu uma explicação rápida para a situação. Depois que o menino falou, ela se encheu de orgulho e achou ótimo que ele tivesse feito isso.
José Francisco e Valdemar, pais dos outros meninos, são pedreiros e disseram que eles fizeram a coisa certa. De acordo com um dos pais: “o que não é deles não deve ser deles, deve ser devolvido para o dono verdadeiro”. Mesmo que pudessem precisar desse dinheiro, apoiaram os filhos e ficaram felizes por ver o retorno da educação dada.
Um político local fez uma doação de R$ 3 mil para as famílias, pedindo para que as empresas e a população também ajudasse de alguma forma, levando cestas básicas, roupas e presentes para os meninos.
O mais interessante é que algo que deveria ser banal, apesar de extremamente nobre, tornou-se um bálsamo sobre as feridas de um país que está vivenciando uma fase de descrença nas pessoas e instituições. Fazer o que é correto, não ficar com aquilo que não é seu e procurar as autoridades para resolver pode ser a solução que o Brasil precisa, de modo macro, para sair da crise.
Será que todos – em todas as esferas, desde os que governam até os que elegem – conseguem compreender essa preciosa lição, dada por um grupo de meninos, do interior de Goiás? Seja como for, veja mais detalhes da história, na reportagem da Rede Globo.