Se você está em um período sedentário da sua vida, mas gostaria de voltar a ser uma pessoa fisicamente ativa, saiba que o processo pode ser mais fácil do que imagina, graças à memória muscular.
A preguiça de voltar a se exercitar e esperar um tempão para ter músculos trabalhados como antigamente é o que impede muita gente de abandonar o sedentarismo. Mas, se contarem com a sua memória muscular, essas pessoas verão que seus músculos ainda se lembram como é “crescer” com exercícios, e podem fazer isso com mais rapidez agora.
Isso vai além da memória muscular que conhecemos. Esse termo é mais usado quando falamos que o nosso corpo guarda uma memória muscular para conseguirmos andar de bicicleta, mesmo depois de anos sem praticar essa atividade.
Essa, da bicicleta, é na verdade a memória muscular produzida dentro dos neurônios motores no cérebro. A memória muscular que estamos falando agora é diferente: ela está dentro dos próprios músculos, quando são trabalhados com frequência.
Como a memória muscular pode ajudar a sair do sedentarismo mais rápido?
Um novo estudo, de autoria de Yuan Wen (do Centro de Biologia Muscular da Universidade de Kentucky) e Kevin Murach (professor de saúde e desempenho humano na Universidade do Arkansas), foi publicado recentemente na Function, um jornal da American Physiological Society.
No estudo, os pesquisadores e sua equipe analisaram ratos de laboratório executando uma atividade física semelhante às praticadas por humanos. Nesse caso, eles utilizaram rodas de corrida com pesos, projetadas para fornecer treinamento de resistência dos músculos das pernas.
Os animais treinaram por 8 semanas e, depois, permaneceram em suas gaiolas por 12 semanas — cerca de 10% de sua expectativa de vida, o equivalente a anos para os humanos. Os animais treinaram novamente por um mês, acompanhados por camundongos da mesma idade, novos no exercício e que serviram de controle. Durante todo o processo, os pesquisadores realizaram biópsia e estudaram microscopicamente seus músculos.
Como resultado, foi descoberto que os músculos dos ratos desenvolveram uma memória muscular, chamada pelos cientistas de “memória molecular” duradoura de exercícios de resistência anteriores, que os ajudou a se recuperar rapidamente de longos períodos sem estímulos.
E, mais do que isso, a maioria das mudanças permaneceu meses depois que eles pararam de se exercitar. Mesmo após meses de inatividade, essas mudanças ajudaram os ratos treinados a ganhar mais músculos, e mais rapidamente durante o retreinamento, em comparação com os ratos que não haviam treinado anteriormente.
Embora o estudo tenha sido feito com ratos, esses animais são utilizados em testes porque é possível aproveitar os resultados deles para iniciar estudos com humanos de forma mais segura. Portanto, você já pode usar o resultado desse estudo para abandonar o sedentarismo dos últimos tempos, sabendo que irá voltar mais rápido à forma física que tinha antes.
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Fonte: O Globo