Memória
Crédito: Freepik

Memória falsa: veja como elas podem ser criadas pelo cérebro

Você não se lembra muito bem de um determinado acontecimento e seu cérebro “completa” essa memória danificada com outra, criando uma nova e falsa

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Sabe quando você tem uma lembrança vaga de algo que aconteceu há muito tempo, e até você mesmo duvida se aquilo aconteceu de verdade? Pode ser uma memória falsa, de algo que nunca ocorreu ou que até aconteceu, mas diferente do que você se lembra.

Aliás, nem precisa ir muito longe. Pode ser que você confunda informações de notícias que aconteceram no mês passado ou na semana passada. Seu cérebro se lembra apenas de “palavras-chave” dessas notícias e mistura tudo, deixando você na dúvida sobre a sua própria lembrança.

Isso não significa que você esteja com problemas de memória, mas pode ser que esteja recebendo informação em excesso. Aí você guarda na memória uma informação inútil, mas se esquece de algo importante ou mistura informações, criando a memória falsa.

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O cérebro criando memória

Até existem alguns casos de pessoas com memória absoluta, que se lembram de cada acontecimento que tiveram desde que nasceram, em detalhes. Na verdade, deve ser bem difícil conviver com isso, principalmente com as memórias ruins.

É por isso que, para a maioria de nós, as memórias não ficam o tempo todo disponíveis. Elas são armazenadas em vários compartimentos do cérebro: os sons são processados no córtex auditivo, o tato no córtex parietal posterior, os semblantes no giro fusiforme e as emoções na amígdala.

Então, quando você precisa “puxar algo pela memória”, essas partes se reúnem no lobo temporal medial, o que inclui o hipocampo.

Só que, com o passar do tempo e o acúmulo de memórias, aquelas mais antigas vão se reduzindo e se alterando. Na hora de trazer a memória à tona, ela pode vir com 50% dos detalhes distorcidos e até misturados com outras memórias.

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Só o que permanece inalterado é a essência dos momentos vividos, as memórias implícitas, que são as automáticas, como andar de bicicleta ou falar idiomas diferentes, e as memórias explícitas, como acontecimentos de transição — infância/adolescência —, os quais nos definem como indivíduos, além de nomes, datas e fatos muito especiais.

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As memórias falsas

Outras informações, como notícias do dia a dia, propagandas e sensacionalismo, o cérebro assimila com nossas experiências pessoais, nossas emoções ligadas a esses acontecimentos.

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É por isso que as propagandas que grudam na mente são criadas para se conectar com as emoções de determinado público-alvo. Você pode não se lembrar das informações específicas da propaganda, mas vai se lembrar do sentimento que teve ao vê-la.

Assim, quando você quer se lembrar de algum acontecimento específico, mas seu cérebro não tem mais 100% da memória registrada ou só registrou o sentimento, ele pode reunir outras memórias que lhe trouxeram o sentimento semelhante e criar uma falsa memória.

É assim que ocorrem, por exemplo, tantos casos de condenações injustas de suspeitos de crimes. A pessoa que foi testemunha pode ser enganada pela própria memória, que vai “lembrar” de algo que nunca aconteceu ou de alguém que parece ser o culpado, mas não é.

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O cérebro faz isso como um esforço para criar obstáculos e inviabilizar experiências vindouras, por receio de que se repitam (no caso de serem ruins), mesmo que nunca tenham acontecido. A pessoa aponta o suspeito inocente como culpado para “evitar” que o crime ocorrido se repita.

Assim também fica mais fácil compreender as mentiras que muitas crianças contam. Claro, existem os casos em que a mentira é proposital, e também temos que considerar que o cérebro delas ainda está em formação. Mas, existem outros casos em que a criança “cria” uma memória falsa de proteção, acreditando que está dizendo a verdade.

Veja também: Mentira das crianças: por que acontece e como lidar

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Artigo com informações de UOL Viva Bem

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