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Médico relata pior plantão na pandemia: “não tem mais vaga”

Não adianta correr para o hospital pedir ajuda, pois não há mais leitos. É preciso se cuidar para prevenir o contágio

Crédito: Arquivo pessoal

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Entre os dias 2 e 3 de março, o Dr. Luzo Dantas Neto viveu o pior plantão desde o começo da pandemia. Ele trabalha em Colombo, região Metropolitana de Curitiba/PR, onde houve um recorde de pacientes precisando de internação por causa da Covid-19.

“Foi muito triste, porque tivemos que ver pessoas que estavam bem, conscientes, falando, mas com uma saturação muito baixa e que precisaram ser entubadas. Muitos destes pacientes fizeram videochamadas com familiares para avisar a situação e dar um até logo, porque, sim, esperamos que seja um até logo”, relatou o médico.

Na manhã do dia 4 de março eram 811 pacientes infectados esperando uma vaga em um leito de hospital, sendo 330 para leitos e UTI e 481 para enfermaria.

“Foi o pior dia que vivenciei nessa pandemia. Um dia muito atípico. Tive que fazer várias coisas diferentes. Foi uma madrugada intensa e na manhã seguinte continuou da mesma forma”, desabafou o médico.

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De acordo com o médico, muitos pacientes tiveram que ser entubados para terem alguma chance de sobreviver.

“Foi muito longo o plantão, não parava de chegar paciente grave, saturando mal, com pouco oxigênio, com falta de ar, que precisava de cuidado mais intenso”.

Esse alerta do médico, exausto, assim como todos os seus companheiros de equipe, é para a população entender de uma vez por todas que precisa ficar em casa. Não adianta lutar contra a pandemia, depois chegar no hospital para pedir ajuda e não ter como ser ajudado, pois todo mundo está na mesma situação.

“Não temos mais vagas para pacientes nas UTIs e nem nas enfermarias. É muito difícil sair. Um colega meu que trabalha na central de leitos médicos de Curitiba me falou que temos hoje 80 pacientes esperando leito em UTI, sendo que a maior quantidade de pacientes que ele já tinha visto antes da pandemia era de 20. Estamos quatro vezes a mais do que já poderíamos estar”.

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Outro erro é que muitas pessoas estão se medicando sozinhas na tentativa de prevenir a infecção, mas sem manter o isolamento social. Isso não resolve.

“Temos visto pacientes que estão usando ivermectina, azitromicina, cloroquina, todos sendo internados. As pessoas estão indo para o tubo. Independente do tratamento que estejam fazendo ou não, estas pessoas estão ficando cada vez piores ou mais graves”, disse o médico.

A única forma de conter esse número alarmante de infectados, e de conseguir tratar as pessoas sem que fiquem esperando em filas enormes, é seguindo as normas do isolamento social e de todos os cuidados de higiene necessários.

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“As pessoas vão ter que ficar cada vez mais isoladas e evitar o contato com outras pessoas, porque o vírus se propaga nisso aí, no contato de pessoa para pessoa”, alertou Dr. Luzo.

Somente quem está vivendo essa realidade dentro dos hospitais sabe o quanto é caótica a situação. As pessoas não deveriam ter que se infectar para viver esse terror e se arrependerem pela falta de cuidados ou por não terem dado importância a toda essa situação.

“Fiquem conscientes disso. Não tem vaga aqui na RMC e provavelmente não tenha vaga em muitos lugares do país. Muita gente pode morrer por nem ter acesso a um primeiro atendimento e isso pode prejudicar até mesmo quem não está com Covid-19”, finalizou o médico.

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