Ainda é complicado para muitas pessoas entenderem o que é o machismo e o quanto ele continua afetando negativamente as relações humanas. Acontece que o machismo está tão enraizado na nossa sociedade, que às vezes é difícil imaginar a vida sem ele. Parece normal, mas não é. Dessa vez, vamos abordar dois termos que fazem parte do comportamento machista, embora ainda não existam traduzidos para o português: Mansplaining e Manterrupting.
O que é Mansplaining e Manterrupting?
Sabe quando você está em uma roda de amigos (ou colegas), homens e mulheres, e percebe que, quando uma mulher começa a falar, não demora para ela ser interrompida por um homem? Isso é manterrupting.
E quando esse homem a interrompe, ele começa a explicar exatamente o que ela já estava explicando, como ela não soubesse, como se fosse incapaz de ser clara ou ter autoridade naquele assunto, só por ser mulher? Isso é mansplaining.
Essa situação é mais comum do que se pode imaginar e, justamente por isso, você talvez nunca tenha percebido, seja homem ou mulher. Isso significa que mansplaining e manterrupting podem acontecer sem que haja má intenção.
Mesmo assim, são hábitos que devem ser esclarecidos por meio da conscientização, incentivando as pessoas a prestarem mais atenção em suas atitudes e evitarem o mansplaining e manterrupting. Ao refletir sobre o tema, é fácil perceber que essas práticas trazem prejuízos para a vida pessoal, social e profissional das mulheres e, por consequência, para a evolução da sociedade.
Então, os homens nunca podem explicar nada às mulheres?
Podem sim, desde que não sejam coisas óbvias que a mulher já sabe, mas ele julga que não sabe só porque ela é mulher. A usuária do Twitter @ElleArmageddon fez um gráfico que ajuda a entender melhor quando um homem pode explicar algo sem fazer mansplaining. Veja abaixo o gráfico reproduzido em português pela equipe da revista AZmina:
De que formas Mansplaining e Manterrupting prejudicam as mulheres?
Milhares de mulheres são interrompidas com frequência em todas as esferas da vida. Nos grupos de amigos (tanto por homens quanto por mulheres), em casa pelo marido (pai, tio, avô), na escola ou universidade e nas reuniões de trabalho, especialmente quando a mulher assume um cargo mais elevado e desperta um senso de competitividade com os homens que tentam rebaixá-la sempre que têm a oportunidade.
As mulheres precisam lidar com mansplaining e manterrupting desde muito novas, mesmo que não seja algo frequente. Se parar para pensar, você mulher pode ter sofrido com essas práticas mais vezes do que percebeu, já que é algo “normalizado” pela sociedade.
Da mesma forma, as consequências são negativas, apesar de, muitas vezes, serem consideradas normais.
As mulheres se sentem mais inseguras ao dar uma opinião, perdem oportunidades de promoções no trabalho, têm mais dificuldade em serem respeitadas e, quando se impõem, são consideradas agressivas ou mandonas.
Por mais capacitadas que sejam em algo, precisam se esforçar o dobro do que os homens com a mesma capacidade para comprovarem sua competência.
Nem todo homem diminui a capacidade das mulheres
É verdade. Homens que foram criados em um lar livre do machismo, tendem a respeitar as mulheres como iguais, e não como seres inferiores. No entanto, não podemos ignorar o fato de que existe uma crença, baseada no machismo, de que as mulheres valem socialmente menos do que os homens.
A professora Francesca Gino, da Harvard Business School, escreveu um artigo que foi publicado na Harvard Business Review, no qual ela explica o seguinte: isso acontece por causa dos preconceitos inconscientes que temos sobre gênero, como a tendência de ver homens como líderes e mulheres como subordinadas.
Olhando por essa perspectiva, percebemos que até mesmo as mulheres têm o hábito de interromper umas às outras com muito mais facilidade do que fazem enquanto um homem está falando.
Então, não podemos generalizar, pois não é todo mundo que comete esses erros. Mas, podemos tomar consciência sobre mansplaining e manterrupting para, aos poucos, combatê-los. As formas de fazer isso são policiando nossas próprias atitudes, alertando as pessoas que fazem isso com as mulheres e conscientizando as que sofrem com isso para não se deixarem rebaixar.