Amor de mãe é eterno e incondicional. Mas e quando os irmãos acham que a mãe não ama todos por igual? Será que realmente acontece? Existem alguns fatores para analisar sobre essa questão, que vão ajudar a acalmar o coração de muitas mães e também de muitos filhos.
É preciso distinguir amor de afinidade
Amor e afinidade são duas coisas diferentes, e é essencial destacar esse ponto para falar sobre o amor de mãe. Por exemplo, uma mãe pode amar todos os seus filhos com a mesma intensidade, mas ter um pouco mais de afinidade com um deles, e isso não reduz o amor que ela sente pelos demais.
Isso geralmente acontece quando um dos filhos tem uma personalidade mais aberta, conversa mais com a mãe e permite que ela faça parte da sua vida, gerando uma afinidade maior. Mas esse fator não reduz o amor que a mãe tem pelo outro filho que é mais fechado.
Favoritismo temporário por proteção
Da mesma forma, a mãe pode oferecer a mesma intensidade de amor para todos os filhos. Mas, quando um deles estiver passando por uma situação difícil, a mãe poderá oferecer mais atenção a esse filho até que ele esteja bem.
Esse é o favoritismo ideal, de acordo com a psicóloga e neuropsicóloga Cleonice Ester Rigamonti de Medeiros (CRP 06/89208) à Juliana Falcão (MB Press), no site Psicólogos de São Paulo.
Segundo a profissional, quando a mãe oferece um favoritismo temporário, que é compartilhado com todos os filhos quando cada um tem maior necessidade de atenção, todos se sentem amados por igual. Assim, também, a mãe consegue transmitir a noção de identidade e segurança a todos os filhos.
Quem é o filho favorito?
Ainda que o ideal seja oferecer aos filhos o favoritismo temporário, de acordo com o momento que cada um está vivendo, nem sempre é simples assim. É comum que os pais acabem demonstrando, mesmo que de forma inconsciente, um favoritismo com o filho que é mais fácil de lidar ou que é mais frágil. Então, o filho com uma personalidade mais marcante e que nunca tem problemas de saúde ou na escola, pode se sentir deixado de lado.
Consequências do excesso e da escassez de proteção
Os filhos que recebem excesso de proteção podem ficar dependentes emocionalmente, com uma personalidade fragilizada, sentindo-se incapazes de exercer sua independência e com medo de não atender às expectativas de outras pessoas.
Os filhos que recebem escassez de proteção podem ir por dois caminhos: um deles é a criação de mecanismos de defesa que ajudam a desenvolver mais independência e perseverança em atingir suas metas, já que não se sentem pressionados por ninguém e sabem que precisam fazer as coisas do seu jeito.
Porém, esses filhos também podem ir pelo caminho da amargura, com profundo sentimento de rejeição e predisposição à depressão, o que vai prejudicar suas relações futuras, seja no âmbito afetivo, familiar, social ou profissional.
Como agir quando o favoritismo interfere na relação?
Quando acontece esse favoritismo pelo filho mais fácil de lidar ou mais frágil, a mãe precisa ser sensível em perceber que está agindo dessa forma. Mesmo que ela tenha suas justificativas para dar mais atenção ou interagir mais com um dos filhos, ela precisa estar consciente de como os outros filhos estão se sentindo.
Inclusive, é preciso tomar cuidado com esse favoritismo, pois outras pessoas que acompanham a relação dessa família irão perceber as diferenças no tratamento da mãe com os filhos. Assim, embora seja errado, essas pessoas poderão influenciar negativamente a relação da mãe com os filhos “não favoritos” e a relação entre os irmãos, incutindo na cabeça deles a ideia de serem menos amados.
Então, o que deve ser feito é estabelecer um equilíbrio. Nenhum filho deve ser tratado com escassez nem com excesso de atenção sobre os outros. Ambas as atitudes prejudicam o desenvolvimento da criança e sua passagem para a vida adulta, levando a distúrbios emocionais.
Se a mãe não se sentir capaz de estabelecer esse equilíbrio, é recomendado que busque ajuda profissional de um psicólogo para que receba as orientações adequadas. E isso deve ser feito o quanto antes, pois cada dia é um passo dado rumo à formação da inteligência emocional e de aspectos da personalidade de um indivíduo. Cada dia vivido faz diferença.