O jovem Matheus, de 25 anos, nasceu cego. Ao longo da vida, ele pouco queria sair de casa, apenas para o que era necessário, até descobrir a paixão pelo futebol, mais especificamente pelo Santos.
Ainda criança, como Matheus não podia ver aos jogos, ele descobriu o rádio para acompanhar os jogos de futebol em casa. Com o passar do tempo, a mãe, Eliane, e o pai, Altamir, viraram até narradores para ajudar o filho a acompanhar o Peixe.
Agora, a emoção de Matheus com seu time do coração é ainda maior, pois ele vai à Vila Belmiro acompanhar os jogos, junto dos pais. Desde o início do Campeonato Paulista, a família senta toda vez no mesmo lugar, que é onde Eliane consegue visualizar melhor o jogo para narrar ao filho.
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“O Matheus nasceu cego. Tudo eu descrevo para ele. Para mim isso é normal. Como nos estádios não tem áudio, eu faço isso. O que ele não pode ver, sou os olhos dele. As pessoas não estão acostumadas, mas é da minha rotina. Desde o jogo da Copinha, viemos em todos os jogos. Ele sempre fica sentado aqui, porque é um lugar estratégico que consigo descrever. Sempre estamos aqui. Dia de jogo do Santos é dia de evento. Para a gente, vir aqui é uma satisfação, porque só a alegria dele contagia. Ele gosta muito do Santos” – disse Eliane.
Para o jovem, essa experiência de ir ao estádio de futebol acompanhar o clube do Santos é sempre emocionante, principalmente por saber que sua família o acompanha com o maior prazer.
“É muito bom, eu me sinto privilegiado de estar aqui, sou grato ao Santos, muito grato a todos eles. Meus primos do Rio de Janeiro são torcedores do Fluminense, mas estão pegando gosto pelo Santos” – disse Matheus, que ainda fez palpites ousados para os jogos contra o Corinthians, na Copa do Brasil.
“Com certeza, ganha do Corinthians. O jogo de ida vai ser difícil, 1 a 1. Mas na volta vai ser 3 a 0 na Vila Belmiro” – completou.
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Para Eliane, poder fazer isso pelo filho é emocionante e gratificante, já que ele não queria sair de casa com frequência. Ela faz o seu melhor para narrar os jogos ao filho e vê-lo sorrir empolgado com cada jogada.
“É uma emoção como mãe. Às vezes até me perco para falar. Isso aqui, como posso falar, é emocionante. O Santos tirou meu filho de casa. O Santos fez meu filho fazer coisas que não fazia, com anos de terapia. Foi o Santos que tirou ele de casa. Ele só saía para ir ao médico, cumprir obrigações. O Santos que fez ele sair.”
Eliane conta que ela e o marido até viraram “um pouco santistas” por causa do filho.
“Desde que nasceu, é dele essa paixão. Eu sou são-paulina e o pai Fluminense, agora viramos um pouco santistas pelo filho. Pegamos um carinho muito grande pelo Santos, que é muito importante. Sofremos com ele. Todo mundo acaba sofrendo” – finalizou a mãe.
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Fonte: Globo Esporte