Miriam Rodrigues ficou completamente abalada quando soube que sua filha, Karen, havia sido sequestrada.
Moradora de San Fernando, no México, ela sabia que sua filha poderia ter caído nas garras do cartel Los Zetas, um dos cartéis de drogas mais perigosos do país.
Mas, não importa qual seja o perigo a ser enfrentado. Uma mãe determinada a descobrir o paradeiro da filha não tem limites.
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A primeira atitude de Miriam foi a mais óbvia: ela procurou a polícia. Mas, todos sabemos que nem sempre a polícia enfrenta cartéis e gangues, isso quando eles não têm algum esquema de corrupção que protege os criminosos.
Por isso, Miriam percebeu que, se quisesse respostas, teria que ela mesma sair para buscar. E foi o que essa mãe decidiu fazer.
Miriam já suspeitava que criminosos do cartel poderiam ter pego sua filha, então, ela se disfarçou de profissional de saúde e foi à localidade do cartel dizendo que estava realizando uma pesquisa na área.
Por meio de sua investigação, Miriam conseguiu reunir informações suficientes para a polícia prender o homem que ela suspeitava estar envolvido no sequestro de sua filha.
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De fato, a mãe foi atrás do homem certo e ele foi preso pela polícia. Em seus depoimentos, o homem acabou entregando outros nomes e revelou o que Miriam mais temia: sua filha Karen estava morta.
Apesar do grande fardo que passou a carregar no dia em que soube da morte violenta da filha, Miriam usou essa dor como combustível para continuar indo atrás desses criminosos.
Ao longo dos próximos três anos, ela adotou muitos disfarces, mudando o cabelo, se passando por funcionária eleitoral, aproximando-se de familiares inocentes para obter informações do sequestro e morte de sua filha.
Com os esforços dessa mãe enlutada e com sede de justiça, a polícia descobriu 10 membros de gangues diferentes que tentaram fugir e começar uma nova vida.
Miriam havia se tornado uma mulher admirada na cidade por sua coragem e persistência. Por outro lado, ela se colocou em uma posição seriamente perigosa.
Em 2017, na data em que se comemora o Dia das Mães, a vida de Miriam teve um fim abrupto quando ela foi morta com 12 tiros em sua casa.
Ela já tinha dito, em uma entrevista anterior, que estava ciente desse risco e disposta a morrer em nome da justiça pela filha. “Não me importo se eles me matarem. Morri no dia em que mataram minha filha.”
O legado deixado por Miriam continua a ser seguido pelo filho, Luiz, que sempre esteve ao seu lado nas investigações.
Por meio do Coletivo de Ativistas de Pessoas Desaparecidas de San Fernando, ele trabalha para garantir que as famílias de outras vítimas do cartel tenham o encerramento e a justiça que merecem.
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