Todo mundo que usa lentes de contato e precisa, por algum motivo, aplicar colírio com medicamento nos olhos, já pensou em como seria bom ter lentes que liberam o medicamento gradualmente, sem precisar pingar.
Bem, parece que essa ideia finalmente se tornou real, embora apenas para pessoas que têm alergia nos olhos.
No início de março de 2022, a Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, se juntou aos Ministérios da Saúde do Canadá e do Japão e aprovou o primeiro modelo de lente de contato que aplica um medicamento diretamente nos olhos durante o uso do produto.
O aval da FDA é o primeiro passo para que o produto seja comercializado nos Estados Unidos. A aprovação foi anunciada pela agência após a análise dos resultados da fase 3 dos testes clínicos, que demonstraram a eficácia do medicamento.
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Como funcionam as lentes de contato com medicamento?
As lentes, que foram desenvolvidas pela farmacêutica Johnson & Johnson Vision Care, contam com a adição de 19 microgramas de cetotifeno, um fármaco antialérgico utilizado amplamente no tratamento de patologias como a rinite.
De acordo com Paulo Schor, professor de oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, em São Paulo, “o novo produto é destinado às pessoas que já sofrem com alergias nos olhos, com sintomas como coceira e incômodo, e têm o trabalho dobrado de usar a lente e pingar o colírio com antialérgico”.
Publicados na revista científica Cornea, os dados comprovaram que o produto é eficaz em aliviar os sintomas alérgicos em cerca de três minutos após a colocação da lente.
Além de ter um efeito muito rápido, o alívio perdurou por, em média, 12 horas. O estudo, que envolveu 244 participantes, concluiu que não houve efeitos adversos graves.
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Que venham opções para outras doenças
Agora, a expectativa é que a tecnologia seja ampliada para outras doenças que necessitam de cuidados diários com os olhos.
“É uma boa novidade porque os estudos foram bem desenhados, publicados em uma revista prestigiosa e mostram que é possível fazer uma liberação lenta de um medicamento para quem já usa lente. A gente espera muito que isso avance para outras doenças crônicas, como o glaucoma. Porque é uma doença que o paciente precisa pingar colírio uma vez por dia durante a vida inteira, mas a adesão ao protocolo ainda é muito baixa”, diz Schor.
Sobre um aval para a comercialização do produto no Brasil, a Johnson & Johnson afirmou, em nota, que já deu início a conversas com os órgãos regulatórios do país, mas que não há mais informações no momento.
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Fonte: O Globo Saúde