Você já tinha ouvido falar que existe uma ilha onde vivem centenas de gatos selvagens no Rio de Janeiro? Conta a história que tudo começou na década de 1950, quando uma família resolveu se mudar para a Ilha Furtada, localizada em Mangaratiba, município da Costa Verde, no estado do Rio de Janeiro, distante 8 km do continente.
Junto com as pessoas foram alguns gatos que eram seus animais de estimação. Porém, depois de algum tempo, a vida na Ilha não foi como esperado e a família resolveu ir embora, mas deixou os gatos para trás.
Então, os animais se reproduziram e, pela falta de contato humano e do ambiente urbano, foram adaptando seu comportamento à vida selvagem. No ano de 2012 pesquisadores estimaram que já havia uma população de 250 gatos vivendo sozinhos na Ilha Furtada.
Agora, no ano de 2020, a Ilha foi visitada pela Supan (Subsecretaria de Proteção e Bem Estar Animal do Estado do Rio de Janeiro), e a conta que eles fizeram crescer bastante. Parece que são cerca de 750 animais habitando o local.
Mas parece que todo esse volume de gatos não se deu apenas pela reprodução dos primeiros que chegaram na Ilha. Com o passar do tempo, aquele se tornou um “ponto de descarte” onde pessoas iam para deixar gatos que não queriam cuidar, mesmo que essa atitude seja um crime ambiental.
Não é uma história emocionante nem inspiradora, pois é na verdade uma história de abandono. Mas foi assim que a Ilha Furtada ficou conhecida como Ilha dos Gatos.
No mês de junho a equipe do Portal R7, junto com veterinários, resgatistas e ativistas em proteção animal, em uma ação organizada pela Supan, embarcou em uma expedição para a Ilha dos Gatos.
Muitas pessoas que vivem nas terras próximas da Ilha relataram que não vão até lá porque têm medo. Mas, a verdade é que os gatinhos precisam de ajuda. Uma das pessoas que os ajuda é a protetora de animais Joyce Puchallski, responsável pelo grupo de ativistas Coração Animal.
Ela contou que lá na Ilha os gatos não tem água, comida e não há habitantes. Os animais só não estão piores porque pessoas como ela visitam a Ilha com frequência para dar assistência a eles.
Os voluntários criaram sistemas de captação de água das chuvas para que os animais possa beber, também fizeram reservatórios de ração e abrigos improvisados.
Para a expedição, os envolvidos ainda conseguiram mais ajuda. Arrecadaram patrocínio de pequenos empresários, e com o trabalho voluntário de um artesão local foi possível construir várias casinhas de madeira para os gatos se abrigarem no inverno.
Mas, a ração nã é o bastante. Por conta disso, os gatos acabam causando um desequilíbrio no ecossistema da Ilha, pois se alimentam de ovos e filhotes dos animais nativos. Ao mesmo tempo, lagartos alimentam-se de gatos.
Como explica Rose Viviane Costa, a veterinária da Subsecretaria de Proteção e Bem Estar Animal escalada para acompanhar a expedição, “são animais que foram largados à própria sorte e acabaram causando um mal estar pra eles, além de se tornarem um problema de saúde pública. Eles não são selvagens. Se tornaram selvagens diante da condição em que foram deixados”.
A intenção dessa expedição é castrar o máximo de gatos possível, trazendo-os para o continente para serem adotados, e assim evitar que a população de gatos aumente na Ilha.
E, o mais importante, conscientizar as pessoas de que aquele lugar não é um ponto de descarte, e que nem qualquer outro lugar do continente serve para isso. Os gatos são vidas que importam, sentem fome, sede e precisam de família.
Poucos gatos apareceram enquanto a equipe da expedição esteve na Ilha, pois são arredios e sentem-se ameaçados. Mas, os que surgiram em meio à mata, receberam cuidados.
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