Iniciar a transição de gênero é um sonho realizado para pessoas trans, que finalmente passam a se ver no espelho com o gênero que só existia por dentro antes do tratamento. Mas existem motivos capazes de fazer uma pessoa interromper essa transição para realizar outro sonho.
Na vida do casal Bennett Kaspar-Williams e Malik Kaspar-Williams, que vive em Los Angeles (EUA), esse segundo sonho era ter um bebê. Eles se conheceram em um aplicativo de relacionamento em 2017 e se apaixonaram. Algum tempo depois, tomaram a decisão de aumentar a família. Então, Bennet, que é um homem trans gay, resolveu parar de tomar hormônios masculinos para poder engravidar.
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Para inspirar outras famílias, Bennet compartilha sua gestação nas redes sociais, onde se chama de “pai cavalo-marinho”, já que são os cavalos-marinhos machos que geram os bebês.
Em entrevista para o Daily Mail, Bennet contou que a gestão está sendo tranquila: “minha gravidez tem sido bem tranquila, sem complicações até aqui. Por conta da pandemia e do isolamento social, eu consegui evitar uma série de possíveis situações desconfortáveis. Ninguém me questionou (na rua, por exemplo) se eu sou homem ou mulher, se estou grávido ou não”.
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O processo de transição de gênero de Bennet começou aos poucos. Quando era criança, ele se sentia uma menina masculinizada. Conforme foi crescendo, percebia que o seu corpo feminino não causava desconforto, mas que sentia mais atração por meninas do que por meninos.
Depois que completou 20 anos, Bennet passou a conviver com mais pessoas da comunidade LGBTQIA+, e foi quando teve conhecimento sobre as outras possibilidades de gênero não-binárias, ou seja, que não se encaixam simplesmente como homem ou mulher.
“Eu passei a vida achando que a única forma de se expressar como uma mulher masculinizada era sendo lésbica. Os meus olhos se abriram para esse novo mundo de expressão de gênero”, lembra.
Em outubro de 2013, quando completou 30 anos, Bennet começou a pensar sobre a transição de gênero. Então, no ano seguinte, após se formar advogado, o tratamento para a transição começou. “Eu passei a me sentir mais quente, como se a minha temperatura corporal tivesse aumentado. Também passei a sentir mais fome e com mais energia. Me lembrou de quando o Homem-Aranha é mordido pela aranha e começa a sentir seus poderes”, brinca.
Mesmo passando por fases de tantos conflitos emocionais, Bennet sempre conseguiu lidar muito bem com sua identidade, pois sempre teve o apoio de sua mãe: “Graças a Deus ela sempre recebeu as minhas mudanças com tranquilidade. Eu saí do armário três vezes para ela: uma como lésbica, outra como homem trans e outra como um homem trans gay. Em todas as vezes ela ficou muito orgulhosa de mim e me apoiou. Isso é realmente algo bom vindo de uma baby boomer que viveu por 40 anos no Texas.”
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Mesmo depois de fazer a transição, é necessário continuar tomando os hormônios que o organismo não produz sozinho na quantidade necessária. Mas, a vontade de ver sua família crescer foi maior, e Bennet tomou a decisão de interromper o uso dos hormônios temporariamente até quando o bebê precisar. O nascimento está previsto para novembro de 2020.