Infelizmente, homem tem câncer de mama, sim, porém em menor proporção do que a mulher. Por ser menos esperado, pode também oferecer mais risco. Isso porque pode ser que se demore muito a ter o diagnóstico. E foi exatamente o que aconteceu com Anderson Silva. Conheça sua jornada, desde a descoberta até o tratamento.
O risco de um câncer de mama
Anderson Silva tinha 41 anos quando foi ao médico para analisar o caroço estranho do peito, que doía e incomodava muito. Atendido em hospital particular, pelo plano de saúde, ele foi diagnosticado com uma íngua e uma prescrição de antibiótico genérico, uma irresponsabilidade. Além disso, quando voltou com o nódulo ainda maior e já imobilizando o braço, eles mantiveram o diagnóstico.
Em seguida, a empresa onde o vidraceiro trabalhava fechou, deixando Anderson sem plano de saúde. Dessa forma, ele – já não suportando a dor – foi a um hospital do SUS, localizado em sua cidade, São Paulo. E foi lá que um médico decidiu fazer uma ultrassonografia, descobrindo assim o câncer.
Foi encaminhado então para a marcação de consulta com um mastologista, que só teria vaga em sete meses. Desesperado e sem nenhuma informação de como resolver o problema, ele conversou com uma vizinha, que é agente de saúde. Ela o encaminhou para um clínico geral, que no mesmo momento o passou para um mastologista.
Ele examinou o caso e disse que teriam que fazer uma punção. O problema é que estavam sem anestesista e sem previsão para a chegada de um. Ele então topou fazer sem nenhuma ajuda, sentindo o que ele chamou de “a pior dor da vida”. Em 10 dias, ele tinha o diagnóstico, que já era de metástase na axila.
Foi quase um ano de sofrimento para descobrir o câncer, mas hoje ele já fez a cirurgia, o tratamento e está em plena recuperação. Claro que teria sido muito mais simples, se os médicos o encaminhassem logo para o exame adequado. Mas infelizmente, nem sempre associam homens a câncer de mama.
Câncer de mama em homem
De acordo com o American Cancer Society, em 2019, “cerca de 2.670 novos casos de câncer de mama invasivo serão diagnosticados e 500 homens morrerão de câncer de mama”, apenas nos Estados Unidos. Além disso, o risco do homem ter câncer de mama é de 1 em 883, ou seja, cerca de 1%.
Nas pessoas de pele branca, ele é 100 vezes menos comum nos homens que nas mulheres. Já nas de pele negra, os homens tem 70 vezes menos chance de ter a doença, do que as mulheres. Quando se trata de andamento do tratamento e resultados, de acordo com a ACS, as pessoas de pele negra “com câncer de mama tendem a ter um prognóstico pior”.
Sintomas
Os principais sintomas do câncer de mama costumam ser ignorados ou até mesmo confundidos com outras situações, como foi o caso do Anderson. Por isso, é fundamental que se observe esses primeiros sinais:
- Caroço, nódulo ou leve inchaço no peito ou área da axila, com ou sem dor;
- Ondulações na pele ou o enrugamento da mesma;
- Entrada do mamilo para o peito (retração mamária);
- Pele vermelha ou descamando;
- Inchaço ou nódulos nas axilas ou ao redor da clavícula.
Como é feito o diagnóstico
Para fazer o diagnóstico, a primeira coisa é o exame de toque, em casa mesmo. Vendo que há um nódulo ou os outros sintomas citados, procure um médico imediatamente. Ele irá primeiro de tudo, examinar as mama, observando a textura, tamanho e outros fatores. Além disso, irá analisar também por baixo dos braços e outras regiões do corpo, à procura de linfonodos.
Se encontradas alterações, ele poderá solicitar exames para verificar a presença ou não de nódulos e se eles são benignos ou malignos. Podem ser solicitados também outros exames como a mamografia, o ultrassom da mama e também a biópsia, seja por punção ou através da retirada cirúrgica.
Tratamentos
O tratamento será realizado de acordo com cada caso, podendo utilizar estratégias diferentes. Normalmente, nos homens, a retirada do nódulo se dá completa, incluindo o mamilo e a aréola. Também pode ser realizada uma cirurgia para a retirada de um gânglio na axila, para evitar recontaminação. Também podem ser recomendadas a quimioterapia, radioterapia e terapia hormonal.