A guerra entre Rússia e Ucrânia está quase completando uma semana. Civis estão morrendo, cidades estão sendo (ainda mais) destruídas. E por qual motivo não há tropas de outros países no conflito para ajudar?
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Bem, a verdade é que não é tão simples querer e poder ajudar em uma situação dessa magnitude. E, basicamente, são dois motivos que impedem outros países de se envolverem diretamente no conflito:
- A Ucrânia não faz parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte);
- E um eventual envio de militares contra uma potência nuclear como a Rússia poderia levar a um confronto de proporções incalculáveis.
O artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, que rege a Otan, prevê que um ataque armado contra um dos membros é considerado um ataque a todos, o que abre caminho para uma defesa coletiva – e uma Guerra Mundial.
Em entrevista para o UOL Notícias, Leandro Gavião, doutor em História pela Uerj (Universidade do Estado do Rio) e professor da Universidade Católica de Petrópolis (RJ), explicou:
“A principal razão pela qual a Ucrânia sofre com a falta de apoio militar se deve ao fato de o país não integrar a Otan. Normalmente, os sistemas de alianças funcionam a partir da lógica de que um ataque contra um país do grupo significa um ataque contra todos os demais estados-membros, o que não é o caso da Ucrânia.”
Na sexta-feira, 25/02, o presidente ucraniano chegou a afirmar que o país se defende sozinho contra a Rússia, e fez uma referência aos Estados Unidos quando disse que “o país mais poderoso do mundo olhou de longe.”
Mais tarde, porém, Zelensky disse, por meio das redes sociais, que chegou a um novo acordo com os EUA sobre mais sanções à Rússia e uma coalizão antiguerra.
A ajuda para a Ucrânia vai de outras formas
Por mais que não possam enviar tropas para o conflito, países europeus estão ajudando a Ucrânia de outras formas.
Na última quarta-feira (23), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou o envio de armas para a Ucrânia.
Na sexta, dia 25, o ministro da Defesa da Polônia, Mariusz Blaszczak, anunciou pelas redes sociais o envio de um comboio com munição.
No sábado, dia 26, foi a vez de o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmar que fornecerá equipamentos de defesa ao país do Leste Europeu.
O professor de Relações Internacionais da USP, Kai Enno Lehmann, diz não acreditar que haja vontade política dos países ocidentais num apoio militar à Ucrânia.
“Estariam entrando numa guerra com uma das forças armadas mais poderosas do mundo. E assumiriam um risco enorme de perda de vidas, o que não é um custo que governos ocidentais estão dispostos a assumir. Os custos financeiros, econômicos e políticos seriam muito altos, sem uma garantia de apoio da opinião pública no longo prazo. É uma guerra que não acabaria em cinco dias, em uma semana.”
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Fonte: UOL Notícias