Depois de uma situação potencialmente perigosa, uma mãe resolveu compartilhar sua experiência na internet, alertando outras famílias sobre um possível golpe. Ao que parece, um grupo criminoso está usando a pandemia do novo coronavírus como pretexto para aplicar esse golpe, que ainda não se sabe exatamente do que se trata.
Um relato divulgado como alerta
No início do mês de setembro de 2020, duas mulheres foram até a portaria do prédio de uma família, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, e pediram para que o porteiro chamasse mãe e filha. As mulheres tinham os nomes das pessoas e disseram que estavam ali a pedido da escola da criança para aplicar um teste de covid-19.
Achando a situação muito esquisita, a mãe ligou para a escola e eles informaram que não sabiam de nada. Então, ela resolveu não atender as mulheres, que ficaram aparentemente bravas, entraram em um furgão e foram embora.
De acordo com a amiga dessa mãe, que foi quem relatou o caso, não teria como esses golpistas saberem informações pessoais da família, já que eles são discretos nas redes sociais. Mas a situação causou um grande susto.
A câmera de segurança do prédio registrou o momento em que as mulheres chegaram, vestindo jalecos brancos, luvas e máscara. O vídeo circulou pela internet e a mãe confirmou a veracidade do vídeo.
Está acontecendo em outros estados
Em outros estados essas situações também estão ocorrendo. Por conta disso, as prefeituras estão emitindo notas de alerta para que a população não atenda equipes que venham em casa sem agendamento prévio da prefeitura.
Mesmo assim, se alguém atender a equipe, deve confirmar se eles possuem uniforme da prefeitura, crachá de identificação e um carro oficial da prefeitura. Do contrário, não devem dar ouvidos a essas pessoas e devem fazer uma denúncia na polícia. Casos já foram registrados em Curitiba, Londrina e na região de Ribeirão Preto.
Mais um caso em São Paulo
Pouco depois que o caso anterior foi divulgado na internet para alertar as famílias, a empresária e influencer Carol Castelo Branco também fez uma publicação dizendo que o mesmo tinha acabado de acontecer com ela.
Em entrevista concedida para a Crescer, Carol contou que um grupo apareceu em sua casa no período da manhã, pedindo pelo nome do seu marido e do seu enteado. Entretanto, ela tem mais duas crianças em casa, que não foram mencionadas.
O grupo tinha o nome e outros dados pessoais do marido e do enteado de Carol, e mencionaram que estavam ali a pedido da escola do menino, igual como fizeram no caso anterior.
“Olhei pelas câmeras de segurança e vi que era um veículo estranho: grande, vermelho e sem informação nenhuma. Isso me pareceu estranho. Procurei rapidamente na internet e vi que a prefeitura estava aplicando testes, mas, antes, fazia um agendamento. Como não fomos informados, não abrimos a porta. Eles entraram nesse carro vermelho e foram embora. Só não abri porque li que não era o procedimento padrão”.
Nota da Prefeitura de São Paulo sobre a veracidade dos testes de covid-19
De fato, a Prefeitura de São Paulo está aplicando testes de covid-19 nas crianças e adolescentes de 4 a 14 anos da capital. A pesquisa teve início em 5 de agosto para essa faixa etária, e já está em sua terceira fase. Ao todo, serão quatro etapas e 24 mil alunos envolvidos.
De acordo com uma nota emitida pela assessoria de imprensa da Prefeitura, os testes são aplicados apenas depois de um agendamento com cada família. No entanto, parece que nem sempre esses agendamentos estão sendo feitos, e que não se trata de um golpe.
Mais tarde, a equipe da Crescer conseguiu confirmar com a Prefeitura que as duas mulheres que apareceram no vídeo da câmera de segurança são mesmo funcionárias da Secretaria Municipal de Saúde, e que elas estavam de fato querendo aplicar o teste na criança, embora sem aviso prévio. Leia a nota na íntegra:
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informa que as duas colaboradoras que aparecem na foto enviada pela reportagem são a enfermeira Ana Lúcia de Melo e a estagiária do curso de enfermagem do Centro Universitário São Camilo, Maria Nayara Nascimento Medeiros, que atuam na AMA/UBS Integrada Vila Sônia, participante do trabalho de campo do inquérito sorológico com crianças e adolescentes da cidade.
Vale destacar que o inquérito sorológico da Prefeitura está sendo realizado com crianças e adolescentes de 4 a 14 anos da capital. A pesquisa, que teve início em 5 de agosto para essa faixa etária, já está em sua terceira fase. Ao todo, serão quatro etapas e 24 mil alunos envolvidos.
A escolha das residências acontece por sorteio e leva em conta os cadastros das Secretarias Municipal e Estadual de ensino para estudantes das redes municipal, estadual e particular de ensino. O morador sorteado recebe orientações do profissional da saúde sobre o estudo, assina o termo de adesão à pesquisa e, diante do aceite, tem amostra de sangue coletada.
Os profissionais de Saúde são devidamente identificados com crachá, colete e avental da SMS. Ao atender o profissional, o morador recebe uma carta oficial de apresentação com nome e telefone da UBS de referência para, caso queira, fazer contato telefônico com a Unidade, e confirmar a identificação do agente de saúde e a veracidade da pesquisa.
O munícipe recebe também uma explicação sobre o estudo e assina termo de adesão à pesquisa. O material e as informações somente serão coletados após a assinatura dos termos de consentimento livre e esclarecido pelo responsável legal, e pelos termos de assentimento (para menores de 7 a 10 anos e de 11 a 14 anos). Somente diante do aceite do munícipe, é iniciada a testagem – que consiste na coleta de amostra sanguínea, realizada sem risco à saúde e por profissional capacitado.
Por se tratar de uma pesquisa que necessita de testagem domiciliar, a SMS ressalta sua preocupação com a segurança dos munícipes e esclarece que os moradores sorteados poderão ser contatados por telefone pela Unidade para serem orientados sobre a metodologia e a importância da pesquisa. Quando não é possível esse contato telefônico, por não haver cadastro do aluno na unidade ou por outro motivo, os profissionais de saúde poderão ir à residência ou outros locais.
A amostra é encaminhada para análise em laboratório vinculado à Secretaria Municipal da Saúde/COVISA, que subsidia as ações de vigilância epidemiológica do município. Após o processamento, o resultado do exame será informado ao munícipe participante do estudo pela UBS de referência.
Terceira fase – Iniciada na última terça-feira (1º), a terceira fase da pesquisa está sendo feita com 6.000 alunos da rede pública municipal, estadual e da rede privada de ensino. A seleção dos alunos é feita por meio de sorteio realizado pelas unidades básicas de saúde (UBS) da região da criança e do adolescente, pela base de dados dos alunos cadastrados em cada rede de ensino.
O resultado da Fase 2, realizado com alunos da rede municipal de ensino, divulgado no dia 27 de agosto, mostrou uma prevalência de infecção por SARS-CoV-2 em 18,3% dessa população de crianças e jovens, com 69,5% de proporção de crianças assintomáticas.
Faixa etária – Além de dar início à terceira fase do inquérito sorológico, a Secretaria Municipal da Saúde está desenvolvendo um estudo analítico da pandemia pelo novo coronavírus na capital. Essa avaliação terá oito fases, realizadas a cada 15 dias, e o objetivo é identificar o grau de contágio da população em geral e conhecer a real letalidade da Covid-19. Com base nesses dados, atualizar as ações para enfrentamento da pandemia na cidade de São Paulo. Os trabalhos começaram em 10 de junho e estão na quinta fase.”
Com informações de Revista Crescer