Quando Rose estava grávida da Vitória, nenhum exame do pré-natal identificou que a bebê já nasceria com um tumor no rosto. Mas, assim que Vitória nasceu, seus pais desconfiaram que algo estava errado, pois os médicos a embalaram e a tiraram da sala de parto. Rose chegou a pensar que sua filha tinha nascido sem vida.
Depois de algum tempo, os médicos voltaram e disseram aos pais que a Vitória estava viva, mas que tinha uma deformidade no rosto. É claro que a única preocupação foi com a saúde da pequena. Então, a partir daquele momento, eles sabiam que teriam desafios pela frente, mas que poderiam superar tudo com muito amor e cuidado.
A autoestima abalada
Somente depois de um mês, Rose soube qual era o diagnóstico de sua bebê: ela tinha hemangioma, e a médica disse que esse tumor poderia desaparecer com o tempo. Mas, não foi o que aconteceu.
Então, Vitória foi crescendo e percebendo que ela era diferente da irmã e de outras crianças. Além de evitar encarar o próprio reflexo no espelho, Vitória não queria mais brincar com outras crianças porque sofria bullying.
Para a mãe, um dos momentos mais tristes foi quando a filha hesitou em brincar num centro de recreação infantil: “Ela disse: ‘mãe, não quero entrar. Todos ficam me olhando, da última vez me chamaram de nariz torto, nariz de Pinóquio, bochecha horrorosa. Mãe, não quero ir!’. Isso veio como um soco no meu estômago”.
A garotinha faz acompanhamento médico até hoje. Uma equipe multidisciplinar realiza um tratamento chamado embolização, que é feito para diminuir a quantidade de sangue que chega no hemangioma. Mais tarde, ela deverá fazer uma cirurgia reparadora. Mas, até a chegada desse dia, Rose precisava fazer alguma coisa para evitar que a filha tivesse problemas de autoestima por causa da aparência.
“Minha filha sempre foi uma criança que tem um olhar radiante, todos se apaixonavam pelo olhar dela. Ela transmite força pelo olhar! Mas com o passar do tempo, ela foi crescendo e percebendo que era diferente das pessoas. Que tinha uma bochecha diferente da outra e isso começou a incomodá-la, além dos olhares das pessoas na rua. O modo com que as pessoas perguntavam o que ela tem fez com que ela sempre quisesse se esconder. Chegou ao ponto de não querer se olhar no espelho. Ela se olhava, mas não se encarava“, publicou Rose.
Encorajamento e empatia
Depois de ouvir essa confissão da filha, Rose lhe respondeu com palavras de conforto e encorajou sua pequena a seguir em frente:
“Abaixei e olhei nos olhinhos dela e disse: ‘filha, olha só. Todos nós somos diferentes, ninguém é igual a ninguém. Somos lindos a nossa maneira. Então, pode entrar naquele brinquedo, você vai se divertir. Se alguém falar alguma coisa e você não quiser responder, saia de perto e continue se divertindo’”.
Depois disso, Vitória até aceitou fazer um ensaio fotográfico para a campanha de conscientização das diferenças. A fotógrafa que fez o ensaio sugeriu que Rose fizesse um perfil para Vitória no Instagram. No início, a mãe foi cuidadosa, pois sabia do risco de receber comentários de ódio. Mas, a resposta foi muito positiva, e ela deixou que sua filha visse todo o sucesso que estava fazendo.
“As pessoas diziam o quanto ela é linda, estilosa e carismática. Com o tempo, ela foi se aceitando melhor, hoje a Vitória é apaixonada pela sua aparência, muito por conta de inúmeras pessoas que nos apoiam a cada dia”.
Agora, além de ser uma menina cheia de autoestima e alegria, Vitória também é influenciadora, ajudando outras pessoas a aceitarem suas diferenças.
“Minha filha veio ao mundo para fazer a diferença. Hoje, ela leva informação e ajuda muitas pessoas com problemas de autoestima. Nós direcionamos mães para o tratamento de seus filhos. Ao ajudar as outras pessoas, ela está a cada dia mais se ajudando. Ela se sente linda e adora conversar com as pessoas. Ela fica horas respondendo seus ‘amiguinhos virtuais’. Quer conhecer todos! Vitória se tornou uma criança muito melhor!“, finalizou a mãe.