Gari
Foto: Francisca Barbosa da Silva

Gari é responsável pela sobrevivência de quase 500 famílias em lixão

Conheça o trabalho que Francisca faz em sua comunidade que leva uma rotina bem precária.

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“Cada dia que eu levanto, eu tenho uma oportunidade”, diz a gari Francisca Barbosa da Silva, responsável pela sobrevivência de mais de 400 famílias que moram ao lado de um lixão na cidade de Aparecida de Goiânia, em Goiás.

Sete anos atrás, mais de 200 famílias moravam no terreno do lixão: sobreviviam do dinheiro da reciclagem e de alimentos encontrados no lixo. O então prefeito da cidade retirou 60 famílias do local, deixando as outras para trás, entre elas, a família de Francisca.

Sem ter onde morar, restou à Francisca e ao seu marido, Iuri Ferreira da Silva, que também é gari, invadir uma área vizinha ao lixão. Depois deles, vieram as outras famílias e desde então Francisca vai à luta pela sobrevivência de todos.

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“Algumas famílias conseguiram arrumar empregos, outras vivem em casas de lona. E nesses barracões existem famílias com idosos, gestantes, famílias que é só a mãe e os filhos. Então, tudo o que você imaginar que é precário, é pouco”, contou a gari, em conversa com o Razões para Acreditar.

Gari
Foto: Francisca Barbosa da Silva

A verdade é que a vida na ocupação poderia ser ainda pior sem a associação de moradores criada por Francisca e o marido.

A associação corre atrás de doações (alimentos, itens de higiene pessoal, etc.), escola para as crianças e adolescentes e assistência médica para idosos e pessoas com deficiência, por exemplo.

No espaço da associação, também são oferecidas aulas de alfabetização, rodas de leitura e cursos de corte e costura para as mulheres.

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O que chama atenção é que Francisca tem uma família grande para cuidar. Ela é mãe de dez filhos: o mais novo é um bebê de um ano.

Foto: Francisca Barbosa da Silva

Perguntada de onde vem a força para ajudar as outras famílias, ela revelou: “Meus filhos já passaram muita fome. Eu sei o que é a dor de uma mãe de ver seus filhos doentes, e não ter o dinheiro pra comprar um medicamento. Eu sei o que é o filho ir pra escola com prego na sandália e todos rirem dele”.

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A família de Francisca mora praticamente dentro da associação de moradores. É onde recolhem as doações e organizam todo tipo de ajuda oferecida às famílias da ocupação. Cada família tem um representante, identificado com um crachá.

Foto: Francisca Barbosa da Silva

“Esse crachá tem nome e um número. Por exemplo, você diz que quer abençoar uma família. Aí eu vou lá ver aquela família que está na maior precisão do dia. Vou te levar pra visitar essa família. E você vai decidir se a família vai ser abençoada. Vai ser dessa forma [que as doações acontecem].”

Um projeto que faz os olhos de Francisca brilharem chama ‘Faça Uma Família Feliz’. O objetivo é construir casas para as famílias que vivem nos barracos de lona. Funciona assim: a pessoa doa o material e os próprios moradores se encarregam de construir a moradia.

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Foto: Francisca Barbosa da Silva

“A gente monta um grupo de seis pais de família, que também moram em um barracão de lona. E a gente tenta conseguir [casa] pra aqueles que ajudaram a construir a casa daquele outro. Pra mim, não existe uma casa mais bonita.”

Esbanjando humildade, Francisca garante que a sobrevivência das 487 famílias da ocupação não é mérito dela, mas da união de todos pela mesma causa.

“É todo mundo junto. Todo mundo pela mesma causa. Mais de 400 famílias pela mesma causa”, afirma.

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