Em novembro de 2021, um tribunal federal nos Estados Unidos considerou que as três maiores redes de farmácias do país – a Walgreens Boots Alliance, a CVS e o Walmart – contribuíram para criar uma oferta excessiva de comprimidos opioides que podem causar dependência.
O tribunal concluiu que essas redes ajudaram a fomentar uma crise de uso indevido de opioides em dois condados no Estado americano de Ohio.
Por conta disso, devem pagar US$ 650,5 milhões, dinheiro que será usado para ajudar a combater o impacto da crise nos condados de Lake e Trumbull.
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A conclusão se deu após ser confirmado que milhões de pessoas nos EUA se tornaram dependentes de analgésicos à base de opioides, como fentanil e oxicodona, nos últimos 20 anos. Quase meio milhão de mortes foram atribuídas a overdoses de analgésicos entre 1999 e 2019.
No tribunal, os advogados dos condados de Lake e Trumbull — ambos perto de Cleveland — estimaram o custo financeiro total da crise em US$ 3,3 bilhões.
Ambos os condados, assim como outras jurisdições nos EUA, argumentaram que a crise colocou uma enorme pressão sobre os recursos locais de saúde, programas sociais e sistemas jurídicos.
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Entre 2012 e 2016, mais de 80 milhões de analgésicos teriam sido distribuídos no condado de Trumbull — cerca de 400 comprimidos por morador. No condado de Lake, teriam sido 61 milhões de comprimidos no mesmo período.
Um juiz distrital dos EUA decidiu que o condado de Lake receberá US$ 306 milhões em 15 anos, enquanto o condado de Trumbull receberá US$ 344 milhões.
No curto prazo, as três empresas foram condenadas a pagar cerca de US$ 87 milhões para cobrir os dois primeiros anos do plano. A decisão foi elogiada por autoridades de ambos os condados.
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O comissário do condado de Lake, John Hamercheck, afirmou, por exemplo, que a decisão “marca o início de um novo capítulo na luta para acabar com a crise dos opioides”.
As três empresas negaram as acusações e alegaram que tentaram impedir que os analgésicos fossem desviados para uso ilícito.
Além disso, argumentaram que foram os médicos — e não as farmácias — que determinaram, no fim das contas, quantas pílulas foram receitadas e para quem.
Fonte: BBC Brasil – artigo original de Bernd Debusmann Jr. para BBC News, Washington