Richard J. Roberts, Prêmio Nobel da Medicina, fez sérias acusações às grandes farmacêuticas. De acordo com o bioquímico, essas empresas priorizam as vantagens econômicas, chegando a impedir a evolução da ciência na cura de problemas de saúde. Afinal, ela não é lucrativa.
Sendo assim, Roberts afirma que as farmacêuticas preferem desenvolver produtos cronificadores, que, além de não curarem, devem ser ingeridos em série – se as pessoas deixarem de tomar, os sintomas acabam voltando. Desse modo, o mercado das farmácias acaba se regendo pelos mesmos princípios do capitalismo.
Interesses econômicos estão na origem de novo surto de tuberculose
Para Richard J. Roberts, no começo, a área da biotecnologia não era uma “máquina de fazer dinheiro”. Aliás, o bioquímico lembra que havia uma grande dificuldade em obter financiamentos para desenvolver pesquisas, até uma investigação contra o câncer, na década de 70, ter contado com imensos fundos públicos, no decorrer do mandato do presidente norte-americano Richard Nixon. Roberts participou nesse trabalho e sublinha que ele foi muito importante para desvendar o funcionamento do DNA.
Na opinião do Prêmio Nobel, entretanto, o modelo de investigação norte-americano foi sendo dominado pelo capital privado. Daí que haja uma dependência evidente entre o lucro e a área da saúde humana, o que é bastante perverso: afinal, o que é bom para uma empresa não é necessariamente positivo para as pessoas, colocando em risco a nossa saúde e a saúde de milhões e milhões de seres humanos.
O bioquímico aponta um exemplo flagrante. Segundo Roberts, as pesquisas na área da saúde têm deixado os antibióticos de lado, por eles serem tão eficientes e, por isso, pouco lucrativos. Como não têm surgido novos antibióticos, os microorganismos infecciosos ficam mais fortalecidos e as consequências são sérias. É o caso da tuberculose, que está reaparecendo e já matou 1 milhão de pessoas só em 2015.
Doenças do Terceiro Mundo são ignoradas pelas farmacêuticas
Por outro lado, o Prêmio Nobel acusa a indústria farmacêutica de não estudar os problemas de saúde do Terceiro Mundo, porque os seus remédios não são lucrativos.
Richard J. Roberts não tem esperança nos políticos. O bioquímico acredita que eles também dependem dos grandes capitais (incluindo das indústrias farmacêuticas) e, por isso, nada podem fazer para lutar contra essa ligação entre saúde e lucros privados.
Roberts considera que o modelo europeu é mais fiável, porque mescla o dinheiro público com o privado, o que impede uma dependência tão preocupante entre o interesse econômico e as investigações na área da saúde.
Fonte: Terra
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