Quando a gente para e pensa sobre a quantidade de vítimas de estupro todos os dias, somente no Brasil, é de ficar indignado. Mas, justamente por acontecer tanto e por ter apoiadores ativos, que esse crime ainda não é levado tão a sério como deveria.
É diante dessa realidade que as mulheres vivem divididas entre exercerem sua liberdade de ir e vir, e terem medo de serem estupradas. Afinal, o estupro acontece em qualquer lugar, a qualquer hora. Está acontecendo agora.
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De acordo com as conclusões de uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva, divulgada no dia 25 de março, 95% das mulheres têm medo de serem vítimas de estupro.
O crime é ainda mais temido entre jovens negras. Esse medo foi expressado por 87% das entrevistadas pretas e 88% das jovens com idade entre 18 e 24 anos.
Para o levantamento, foram coletadas as respostas de 2 mil pessoas com 16 anos ou mais, pela internet, entre 27 de janeiro e 4 de fevereiro de 2022.
Você sabe tudo o que é considerado estupro?
A pesquisa levantou outro ponto muito importante, revelando que somente 62% das pessoas entrevistadas consideram o ato de stealthing como estupro. O stealthing é o ato de retirar o preservativo sem o consentimento da mulher durante o sexo.
As outras 38% das entrevistadas considera isso uma atitude normal, o que nos leva a presumir que uma parcela da população não considera alguns atos como violação e estupro, quando deveria considerar, porque são!
Outro exemplo da pesquisa é que 31% das pessoas não considera que seja estupro a ação de forçar a companheira a ter relação sexual sem camisinha.
Para 21% dos entrevistados, homens terem relações sexuais com meninas menores de 14 anos é algo considerado normal, ou seja, não é visto como estupro nem como pedofilia.
Muitas mulheres vivem situações de estupro que não envolvem, necessariamente, violência física com lesões, mas fazem parte do conceito de estupro.
Estupro é forçar uma pessoa a um ato sexual sem consentimento, mesmo sem penetração.
Segundo o artigo 213 do Código Penal Brasileiro, esse crime se caracteriza por “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
A conjunção carnal mencionada no artigo 213 se refere à penetração vaginal ou anal. E os atos libidinosos podem ir desde uma mão por dentro da calcinha sem permissão, inclusive quando é feito por um ficante, namorado ou marido. Envolveu toque sexual sem consentimento, seja num homem ou numa mulher, é estupro, e pode levar de 6 meses a 10 anos de cadeia.
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Fonte: Agência Brasil