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Estudante se forma em medicina depois de perder a fala e os movimentos

Elaine estava no terceiro ano da faculdade quando seus planos foram interrompidos, mas só por algum tempo.

Imagens: Reprodução G1

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A vida da estudante Elaine Luzia dos Santos, que mora no Paraná, estava indo muito bem até 2014. Ela já era farmacêutica graduada e, depois, resolveu que queria também ser médica.

Com o apoio da família, a jovem começou o curso, e era no campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em Cascavel, que ela passava a maior parte do seu tempo, tocando um projeto de pesquisa e se preparando para o mestrado.

Mas, quando estava no terceiro ano da faculdade, aos 26 anos de idade, a vida da estudante mudou completamente, devido a um acidente vascular cerebral. No entanto, apesar de ter perdido a fala e os movimentos do pescoço para baixo, Elaine manteve o intelecto e a vontade de se tornar médica.

Veja também: Como identificar AVC em mulheres jovens, mais comum do que você imagina

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Um exemplo para quem se sente limitado por muito menos

Imagem: Reprodução G1

Hoje em dia, Elaine é a primeira estudante brasileira, nestas condições, a se formar em medicina.

Ela ensinou para seus professores, colegas de classe, familiares e outros profissionais que participaram dessa trajetória, que eles é quem precisavam se adaptar às novas necessidades dela, e não o contrário.

Agora, a jovem médica é um grande exemplo para todos aqueles que se limitam por acharem que precisam das condições perfeitas para realizar seus sonhos.

O AVC que afetou a estudante

Imagem: Reprodução G1

Depois de ter acordado com dor de cabeça durante a madrugada, Elaine caiu esperou socorro por 16 horas, já que morava sozinha e só foi socorrida quando uma vizinha a escutou tentando gritar por ajuda.

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No hospital, ela recebeu o diagnóstico de que tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) no tronco encefálico – região do cérebro acima da medula espinhal que regula a respiração, a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Foi nesse ponto que o sangue engrossou e formou um coágulo que provocou um entupimento. A causa foi uma trombofilia, doença que é uma das maiores causas de AVC.

Por conta disso, Elaine ficou 30 dias na UTI, perdeu todos os movimentos do pescoço pra baixo e a capacidade de falar, mas manteve a lucidez e o intelecto..

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A ideia de um colega de faculdade

Na UTI, um colega do curso de medicina apresentou para Elaine a prancha alfabética, composta por cinco linhas, cada uma com cinco letras.

A ideia veio do filme A Teoria de Tudo, que conta a história do astrofísico Stephen Hawking. Com a prancha, Elaine reaprendeu a se comunicar. Em vez da fala, com o olhar.

“Conforme ela quer soletrar a palavra que ela quer dizer, nós perguntamos se linha 1, 2, 3, 4, 5. E ela pisca conforme a linha que ela quer soletrar. Quando é a letra que ela quer, ela pisca. Quando não é a letra, ela olha pra cima. Nesse sistema, vamos organizando palavras e frases até ir formando o discurso que ela quer proferir”, explica Clarice, cuidadora de Elaine.

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A volta da estudante para o curso de medicina

Imagem: Reprodução G1

Quando saiu do hospital, Elaine quis voltar aos estudos, mas alguns professores foram contra. Ela não desistiu.

A estudante moveu uma ação judicial para que a faculdade contratasse agentes de educação especial para ajudar nas aulas e na interação com os professores e os colegas. Em sete anos de curso, oito cuidadoras a auxiliaram.

“O curso de medicina aprendeu. Aprendeu que os limitados éramos nós. Elaine não tem limites”, disse Alan Cesar Faria Araújo, coordenador do curso.

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“Ver a Elaine se formando não é uma conquista só dela, é uma conquista de todos”, disse emocionada Vanderlize Dalgalo, pedagoga e agente especial de saúde.

Tudo foi adaptado para que Elaine pudesse continuar o curso, e ela sempre exigiu ser avaliada pelo seu conhecimento, como todos os alunos.

Todos os colegas aprenderam a usar a prancha alfabética para se comunicarem com ela, mediando também a comunicação com os pacientes.

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“Se nós não conseguirmos ter empatia, se nós não conseguirmos inserir a nossa colega, não seremos capazes de tratar de pessoas, de seres humanos”, disse Rúbia Boaretto, médica nefrologista e professora da Unioeste.

“Mobilizar as pessoas é difícil, mas encontrei pessoas sensacionais que me possibilitaram chegar até aqui”, disse Elaine, orgulhosa de sua trajetória.

Fonte e reportagem: G1

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