Lidar com uma doença fora de controle pode ser quase uma tortura, em que o paciente pode até perder as esperanças, precisando de muito apoio para mudar essa realidade. Porém, a forma com que David Fajgenbaum lidou com a situação foi bem diferente. Ao invés de desistir da vida, o estudante de medicina aproveitou suas muitas horas na cama do hospital para investigar a fundo seu prontuário. E foi assim que encontrou a agulha no palheiro, onde ninguém tinha visto ainda.
Estudante de medicina descobre cura para sua doença
O início da sua trajetória começa no ano de 2010, quando ele era apenas mais um rapaz normal, que gostava de praticar esportes e ia à faculdade. Ele estava se preparando para ser médico e provavelmente foi a escolha da sua profissão que salvou a sua vida. Se ele não tivesse se dedicado tanto aos estudos, provavelmente não estaria mais aqui hoje em dia.
Em um dia comum, ele começou a se sentir muito mal, depois de perceber que já estava mais inchado do que o normal. O caso foi tão sério, que ele decidiu ir ao hospital, para ver do que se tratava. Depois de muitos exames e discussões, os médicos disseram que ele estava com a doença de Castleman.
Ela é uma doença autoimune que faz com que o corpo crie mais células nos gânglios linfáticos, causando o inchaço e muitos outros problemas para o paciente. Para melhorar, teve que fazer diversas sessões de quimioterapia, perdendo massa muscular, cabelos, porém reduzindo muito pouco o avanço do problema.
Foram três anos de sofrimento, luta contra todos os sintomas e tentativas diferentes, para que se conseguisse ao menos conviver com a mesma. Nada parecia surtir efeito, obrigando David a ficar hospitalizado por mais tempo. E as previsões não eram nada boas: a equipe médica dizia que ele tinha somente 35% de chance de viver. Mas a persistência de David fez o quadro mudar.
A descoberta
Como ele estava com muito tempo, começou a ler, com o máximo de atenção possível, seus prontuários. Ele estava tentando compreender o que estava acontecendo com seu corpo e como lidar com aquilo, de forma diferente. E foi exatamente o que aconteceu, pois ele identificou um ponto comum antes de cada crise onde teve que ser internado: o aumento de uma proteína.
Entre seus exames, estava a medição da proteína que participa do crescimento dos vasos sanguíneos, mostrando resultados absurdamente elevados. A quantidade de VEGF estava 10 vezes acima do normal, sempre que ele tinha uma crise. Foi aí que ele encontrou uma relação e a ponta da pista, para encontrar sua verdadeira doença.
Observou que o início das crises se dava a partir de manchas que apareciam na pele, interpretadas erroneamente. Elas eram, na realidade, causadas pela grande produção da proteína naquele momento, fazendo com que o sistema imunológico tivesse que agir rapidamente para resolver, sendo sim uma doença autoimune, mas com características próprias.
O que ele tem na realidade é a doença de Castleman, porém com essa variável especial. Para controlar, ele também teria que ter iniciado três anos antes o uso de um imunossupressor, que ajuda não somente a controlar a produção da proteína, como a resposta do organismo a ela. Uma solução perfeita, a tempo para que ele reiniciasse a sua vida.
Como ele está hoje
Curado há 6 anos, ele é hoje um médico formado, saudável e de volta às suas atividades físicas. Além disso, é também professor na Universidade da Pensilvânia, nos EUA. Participa de muitos seminários sobre sua doença, buscando informar as pessoas sobre a mesma. Também por isso, fundou a Rede Colaborativa da Doença de Castleman, com o objetivo de estudar mais acerca do tema.
Enquanto ele estava fazendo o tratamento, depois de três anos de quimioterapia, com sua saúde e futuro incertos, ele encontrou o amor da sua vida. Hoje, estão casados e têm uma filhinha linda de um ano de idade. Acabou de lançar também um livro sobre sua história, com a intenção de ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação, como um exemplo de persistência e fé.