O Brasil é uma país classificado como em desenvolvimento, tendo ainda muita coisa para aprimorar para dar uma melhor qualidade de vida para seus habitantes. Um desses aspectos é a qualidade da saúde, seja ela pública ou privada. Claro que existem os hospitais de ponta, disponíveis para uma pequena parcela da população, mas erros ainda acontecem.
A revista da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UFMG) aponta o número alarmante de mortes por causa de erros em hospitais do Brasil. São três mortes a cada 5 minutos. Isso dá mais do que a somatória das mortes por acidentes de trânsito, homicídios, latrocínio e câncer somados.
Os eventos adversos, de acordo com a Revista da Associação Médica Brasileira, “definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base”. Ou seja, são complicações que surgem não por causa da doença, mas por fatores como uso de equipamentos ou técnicas inadequadas, superdoses, erros nos medicamentos e afins.
Para a Revista da UFMG, “não significa, necessariamente, que houve um erro, negligência ou baixa qualidade, mas trata-se de incidente que poderia ter sido evitado, na maior parte das vezes”. Para a Revista a Associação Médica, existem alguns fatores que acabam favorecendo os eventos adversos:
- Idade do paciente;
- Gravidade do quadro clínico;
- Comorbidades;
- Cuidados prestados;
- Fragmentação do atendimento;
- Inexperiência e sobrecarga;
- Comunicação ineficiente;
- Novas tecnologias;
- Urgências.
O estudo
O estudo foi realizado pela equipe da UFMG, em parceria com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com base no Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil. Nele, foram analisados dados relevantes sobre a mortalidade em hospitais, chegado a resultados realmente preocupantes.
Um ponto extremamente positivo do estudo é que nunca se teve nenhum tipo de coleta similar, trazendo à luz dados importantes para a melhoria da qualidade da saúde no Brasil. Por mais que sejam pontos com os quais se preocupar, devem ser colhidos e discutidos, para que assim se possa implementar medidas corretivas adequadas.
O estudo afirma que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o evento adverso como possível. Nos EUA, são cerca de 1.096 óbitos por dia enquanto no Brasil, são 829. Porém, há uma diferença brutal para a análise desses dados: a população estadunidense é 55,6% maior que a brasileira. Ou seja, a quantidade de mortes por habitantes aqui é muito maior.
Além dos óbitos, há também os que sofrem eventos adversos e conseguem uma recuperação, levando porém três vezes mais tempo do que o que era previsto para a doença pela qual deu entrada no hospital. Isso reduz a produtividade e qualidade de vida do paciente e sobrecarrega o sistema de saúde.
Outro ponto importante a se pensar sobre os erros em hospitais é a perda financeira. De acordo com o estudo, “além das vidas perdidas os eventos adversos consumiram R$ 10,9 bilhões de recursos que poderiam ter sido melhor aplicados, apenas na saúde suplementar brasileira”. Isso sem contar com os gastos pelo SUS, não contabilizados na pesquisa.
Entre o público mais afetado pelos eventos adversos, estão os recém nascidos, com menos de 28 dias e os idosos, com mais de 60 anos. As principais causas registradas são:
- Infecções hospitalares;
- Lesões por pressão;
- Infecção urinária;
- Infecção do local da cirurgia;
- Fraturas ou lesões resultantes de quedas no hospital;
- Trombose venal profunda;
- Embolia pulmonar;
- Infecções em geral.